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EUA. Warnock vence na Geórgia e democratas podem conquistar controlo do Senado: falta decidir um lugar

EUA. Warnock vence na Geórgia e democratas podem conquistar controlo do Senado: falta decidir um lugar
Megan Varner

Os democratas, que não elegem um senador no estado há 20 anos, também estão na frente no segundo lugar em aberto e podem passar a controlar o Senado, câmara alta do Congresso

A imprensa norte-americana dá como certa a vitória do democrata Raphael Warnock na Geórgia, ficando a faltar uma vaga que poderá ditar uma cambalhota no poder do Senado. Se for confirmada a vitória do pastor da Igreja Batista Ebenezer, em Atalanta, será o primeiro senador negro a ser eleito naquele estado. Esta eleição, uma segunda volta daquele longo 3 de novembro (e semana), será chave para a governação de Joe Biden, o 46º Presidente dos Estados Unidos.

“Para todos os que estão em dificuldades, quer tenham votado em mim ou não, saibam isto: eu oiço-vos, eu vejo-vos e todos os dias que esteja no Senado dos Estados Unidos vou lutar por vocês”, garantiu Warnock, numa declaração já pela noite dentro. O adversário de Warnock é a republicana Kelly Loeffler.

"A história eleitoral da Geórgia diz que as segundas voltas costumam favorecer os republicanos, já que a participação dos votantes negros decai na segunda ida às urnas", explica neste texto o editor de Internacional do Expresso. "Este ano, porém, pode não ser assim: não só houve um eficaz esforço de mobilização do eleitorado democrata e, em particular, das minorias étnicas — encabeçado por figuras como Stacey Abrams, antiga candidata a governadora que [Brian] Kemp derrotou à justa em 2018 — como os ataques infundados de Trump à lisura do processo eleitoral podem desincentivar as hostes republicanas, seja por lhes minarem a convicção de que o seu voto conta, seja pelo seu evidente excesso."

Warnock é o pastor principal da histórica Igreja Batista Ebenezer, em Atlanta, onde Martin Luther King chegou a pregar nos anos 60, fazendo da mesma um centro de luta contra o racismo. “Podem perguntar por que motivo um pastor pensa que deve estar no Senado. Sempre pensei que o meu impacto não termina na porta da igreja. Aliás, é aí que começa”, afirmou há meses, ao apresentar a sua candidatura.

Os democratas não elegem um senador naquele estado há 20 anos e agora a luta pelo controlo do Senado fica dependente do outro duelo, que é entre o democrata Jon Ossoff e o republicano David Perdue. Com 98% dos votos contados, Ossoff está em vantagem (50.2%) à data da última atualização deste artigo (15h20), o que pode vai dando força à cambalhota no Senado e controlo daquela câmara alta para os democratas.

Perdue, num comunicado aqui citado pela CNN, pediu "transparência e tempo" para haver clareza e certeza na atribuição dos resultados da eleição. "Vamos mobilizar todos os recursos disponíveis e esgotar todos os recursos legais para garantir que todas os boletins de voto legais são devidamente contados. Acreditamos que no final o senador Perdue será vencedor”, pode ler-se no documento.

Atualmente o Senado já tem atribuídos 98 lugares — 50 para o Partido Republicano, 46 para o Partido Democrata e dois para independentes alinhados com este último —, faltando agora estas últimas duas vagas que podem ditar uma reviravolta naquela câmara.

"Ou os republicanos mantêm a maioria de que gozam desde 2015 ou os democratas conseguem um empate (contando com os independentes) e ficam, na prática, em vantagem", explica ainda o editor de Internacional do Expresso no artigo referido em cima. "É que o voto de qualidade em caso de divisão 50-50 cabe ao presidente do Senado, que é, por inerência, o vice-presidente do país, ou melhor, a vice-presidente, pois a democrata Kamala Harris tomará posse desse cargo no próximo dia 20 de janeiro."

As urnas fecharam às 00h30 de Lisboa.

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