Num momento em que para Biden “a democracia está sob assalto” e em que uma invasão ao Capitólio esta quarta-feira interrompeu a sessão de certificação dos resultados, o Presidente eleito dirigiu-se aos norte-americanos para apelar à paz e criticar o que esta quarta-feira aconteceu.
“Nunca vimos algo como isto em tempos recentes”, disse. “Isto é um assalto à nossa cidadela da liberdade, à nossa capital, aos representantes das pessoas, à nossa polícia e aos funcionários púbicos que trabalham no coração da nossa República. É um assalto ao Estado de direito”, disse em conferência de imprensa. “As cenas de caos que estamos a ver no Capitólio não refletem o que é os EUA e não representam o que somos.”
O discurso de Joe Biden continuou e o Presidente eleito mostrou-se zangado com quem invadiu o Capitólio. Pediu que se retirem e que Donald Trump vá à televisão acabar com a violência - algo que o ainda Presidente fez minutos depois, enviando ás redações um curto vídeo gravado na Casa Branca. Para Biden, “isto não é dissidência - é desordem, caos”. “Fica próximo da sedição e tem de acabar - já. Peço a esta multidão que se retire e que deixe o trabalho democrático continuar. As palavras de um Presidente têm impacto, não importa o quão bom ou mau esse Presidente é. No seu melhor, são palavras que podem inspirar, no pior podem incitar à violência. Por isso peço ao Presidente que fale na televisão, que cumpra o que jurou, que defenda a Constituição e exija o fim deste cerco.”
O Presidente eleito alinhou pelos seus temas habituais para tentar acalmar quem se sente defraudado, ainda que esse sentimento tenha sido alimentado por mentiras, foram mentiras “oficiais” de um Presidente. “Durante várias guerras e lutas, a América passou por muito e vamos voltar a prevalecer, agora e outra vez. O trabalho agora - e o trabalho dos próximos quatro anos - é restaurar a democracia, a decência, a honra e o respeito.”
Biden sublinhou que a democracia não é um dado adquirido nos Estados Unidos: “É suposto a certificação da votação do Colégio Eleitoral ser um ritual sagrado, através do qual afirmamos a grandiosidade da democracia americana. Mas hoje serve como alerta doloroso para a fragilidade da democracia. Para preservá-la é preciso que pessoas e líderes com boas intenções tenham coragem de tomar posição.
Esta quarta-feira centenas de manifestantes pró-Trump invadiram o edifício do Capitólio em Washington enquanto decorria a sessão de certificação dos resultados eleitorais que deram a vitória presidencial a Joe Biden. A cerimónia, considerada o último passo necessário para a tomada de posse de 20 de janeiro, estava a ser presidida pelo ainda vice-presidente Mike Pence. Os protestantes entraram e chegara mesmo a tomar a Câmara dos Representantes e vários gabinetes de senadores.
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