Felipe VI demarca-se do pai: princípios éticos "estão acima de considerações familiares"

No discurso de Natal, o mais longo deste que subiu ao trono, o rei de Espanha fez uma alusão velada às suspeitas de corrupção que recaem sobre Juan Carlos
No discurso de Natal, o mais longo deste que subiu ao trono, o rei de Espanha fez uma alusão velada às suspeitas de corrupção que recaem sobre Juan Carlos
Jornalista
O rei de Espanha aproveitou a discurso de Natal para fazer uma nova demarcação do legado do pai, Juan Carlos. No final da mensagem dirigida aos espanhóis, Felipe VI defendeu que os princípios éticos e morais se aplicam a todos, "sem exceções", voltando a afastar-se das várias suspeitas que recaem sobre o monarca que lhe antecedeu.
Foi já no final de uma intervenção de 1.697 palavras - contabilidade do "El País" -, em que procurou dar ânimo à sociedade perante o sofrimento provocado pela pandemia, que Felipe VI fez uma alusão velada à avalanche de revelações que envolvem Juan Carlos.
Sem mencionar o rei emérito, recordou que já no discurso de proclamação em 2014 tinha sido claro sobre os princípios éticos e morais e acrescentou que estes "obrigam a todos" - "sem exceções" - e estão acima "de qualquer consideração", seja ela de que natureza for, "inclusivamente pessoais ou familiares".
A razão para Felipe VI ter colocado a questão no plano ético prende-se, sobretudo, com o facto de o pai não ter sido formalmente acusado em nenhum processo, embora já tenha apresentado uma proposta de regularização de alegadas dívidas ao Fisco no valor de 700 mil euros.
Em março, recorde-se, a Casa Real anunciou que o rei renunciaria a qualquer herança a que pudesse ter direito no estrangeiro. Cinco meses mais tarde, Juan Carlos saiu de Espanha e foi instalar-se em Abu Dhabi (nos Emirados Árabes Unidos).
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