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€179,5 por 68 horas de trabalho: Uber Eats acusada em Itália de explorar migrantes (e está a ser investigada por isso)

€179,5 por 68 horas de trabalho: Uber Eats acusada em Itália de explorar migrantes (e está a ser investigada por isso)
ALBERTO PIZZOLI/Getty Images

Empresa é acusada de pagar €3 por entrega a motoristas migrantes, alegadamente sujeitos a condições de trabalho “degradantes”

As autoridades italianas estão a investigar a Uber Eats por alegadamente explorar migrantes provenientes de contextos de guerra, requerentes de asilo e pessoas em situação económica vulnerável, escreve o The Guardian. Estes trabalhadores da empresa de entrega de alimentos “foram sujeitos a condições laborais degradantes e pagos a €3 por viagem”, com gorjetas confiscadas pela entidade patronal.

"O meu pagamento era sempre de €3 por entrega, independentemente do dia e da hora", disse um dos motoristas, que em tribunal contou ter recebido €179,5 Uber Eats por um total de 68 horas ao longo de uma semana de trabalho.

O caso leva a que dez responsáveis da empresa, incluindo o gestor de operações em Itália, estejam a ser investigados e fez com que em maio o tribunal de Milão colocasse a Uber Italy em administração judicial.

O juiz destacou que o “forte isolamento social em que vivem esses migrantes” acabou por ser visto como “uma oportunidade de recrutar trabalhadores a um custo absurdamente baixo, dispostos a fazer qualquer coisa para sobreviver, explorados e discriminados por empregadores sem escrúpulos”.

Os investigadores acreditam que a exploração aumentou ainda mais com a pandemia, motivada desde logo por uma maior procura dos serviços da Uber Eats em tempos de confinamento, o que levou a uma “avalanche descontrolada de recrutamento” de motoristas.

Os migrantes contratados pela Uber Eats eram sobretudo oriundos de países como Nigéria, Mali, Costa do Marfim, Gâmbia, Paquistão ou Bangladesh.

A empresa negou, esta segunda-feira, qualquer tipo de abuso laboral. “Nos últimos meses temos trabalhado em estreita colaboração com as autoridades judiciais para rever e reforçar o nosso serviço. Continuaremos a colaborar e a combater todas as formas de intermediação ilegal”, assegurou a Uber Eats em comunicado.

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