Pelo menos uma pessoa morreu e cerca de 600 ficaram feridas nos protestos pós-eleitorais que começaram segunda-feira na capital do Quirguistão, indicou esta terça-feira o Ministério da Saúde da ex-república soviética da Ásia Central.
Os manifestantes invadiram a sede do Governo, o parlamento, a autarquia de Bishkek e a Comissão de Segurança do Estado, de onde libertaram o antigo Presidente Aslambek Atambaiev e outros dirigentes partidários que estavam presos, acusados de vários crimes, noticiou a agência Interfax.
"Na noite passada, algumas forças políticas tentaram tomar o poder ilegalmente. Usaram as eleições parlamentares como pretexto para perturbar a ordem pública", disse o Presidente do Quirguistão, Sooranbay Jeenbekov, num comunicado divulgado hoje.
O chefe de Estado acusou os manifestantes de não obedeceram às ordens da polícia e de causarem danos em edifícios públicos.
"Ordenei às forças de ordem que não abrissem fogo para não pôr em perigo a vida de nenhum cidadão", disse Jeenbekov, que sublinhou que a paz social é mais valiosa do que qualquer ata de um deputado.
O Presidente acrescentou que propôs à Comissão Eleitoral Central (CEC) que investigue minuciosamente eventuais irregularidades cometidas durante as eleições e, "se necessário, que anule os resultados".
"Apelo a todos os meus compatriotas para que preservem a paz e não deem ouvidos às forças provocadoras", concluiu.
Um total de 11 partidos políticos dos 16 que participaram das eleições parlamentares de domingo convocaram protestos para exigir a anulação dos resultados, que não reconheceram e denunciaram como fraudulentos.
Segundo dados preliminares das eleições, o partido Birimdik, que inclui Asylbek Jeenbekov, irmão do Presidente, obteve 25,98% dos votos.
Outros 24,6% votaram no Mekenim Quirguistão (Pátria do Quirguistão), partido fundado pelo ex-chefe adjunto do Serviço de Alfândega do Estado, Raimbek Matraimov, cujo nome está associado a operações de branqueamento de capitais e retirada de fundos da república, de acordo com a Interfax.
Já o partido denominado Quirguistão recebeu o apoio de 8,9% dos eleitores. É o único partido que já estava no parlamento que também passa para o novo Congresso após as eleições.
O partido da oposição Butun Quirguistão (Quirguistão Unido) ultrapassou a barreira exigida de 7% (7,62%) e o Mekenchil, também partido da oposição, atingiu 7,26%.
Os restantes partidos não ultrapassaram o limite de 7%, pelo que haverá duas forças de oposição no parlamento se os resultados preliminares forem confirmados.
O partido dos filhos do antigo Presidente Atambaiev ficou de fora do parlamento.
Dado que nenhum partido tem maioria absoluta, a confirmarem-se estes resultados, a formação do Governo exigirá a articulação de uma coligação parlamentar.
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