O opositor russo Alexei Navalny partilhou esta terça-feira uma fotografia e uma mensagem no Instagram a partir da cama do hospital alemão onde se encontra. Na véspera, dois laboratórios independentes na Suécia e em França confirmaram a acusação das autoridades de Berlim de que o principal rosto da oposição ao Presidente Vladimir Putin foi envenenado com o agente nervoso novichok.
Rodeado pela família, Navalny escreveu: “Olá, sou o Navalny. Tenho saudades vossas 😍. Ainda mal posso fazer o que quer que seja, mas ontem consegui respirar sem ajuda todo o dia. Não recorri a qualquer ajuda externa, nem mesmo a mais pequena válvula na minha garganta. Gosto muito disto. Um processo incrível, subestimado por muitos. Recomendo-o.”
Com 44 anos, Navalny encontra-se no hospital universitário de Charité, em Berlim. A 20 de agosto, sentiu-se mal depois de ter bebido um chá no aeroporto na viagem de regresso a Moscovo a partir da cidade de Tomsk, na Sibéria, onde tinha estado a fazer campanha para as eleições regionais deste mês. O avião que o transportava fez uma aterragem de emergência em Omsk, tendo Navalny sido internado e ligado a um ventilador. Após uma recusa inicial, a equipa médica acabou por autorizar a sua transferência para Berlim, onde aterrou dois dias depois do incidente no aeroporto.
Os familiares e aliados políticos acusam desde então o Kremlin de responsabilidade no alegado envenenamento, atribuindo a recusa inicial à tentativa dos médicos de Omsk de retirarem alguma substância suspeita do organismo de Navalny. A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou entretanto que o opositor foi envenenado, “sem margem para dúvidas”, com novichok, o mesmo agente nervoso usado contra o ex-agente duplo russo Sergei Skripal e a sua filha na cidade inglesa de Salisbury, em março de 2018.
Moscovo rejeita responsabilidades e classifica como “absurdas” as tentativas de culpar a Rússia pelo ataque. As investigações anticorrupção a membros da elite russa, levadas a cabo por Navalny, já lhe valeram várias detenções. Uma das possibilidades assumidas por analistas é a de que tenha sido envenenado por oligarcas visados pelas suas investigações ou por outras figuras próximas de Putin, ainda que não especificamente a mando deste.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hgomes@expresso.impresa.pt