Internacional

Julgamento de Assange retomado em Londres. Fundador da Wikileaks arrisca pena de 175 anos

Julian Assange num tribunal em Londres, em janeiro de 2020
Julian Assange num tribunal em Londres, em janeiro de 2020
Henry Nicholls/Reuters

A segunda fase da batalha judicial contra o fundador da WikiLeaks será travada no Tribunal Central Criminal, na capital do Reino Unido. Julian Assange enfrenta uma eventual extradição e pena de prisão que pode chegar aos 175 anos

Depois de ter sido adiada pela pandemia, a batalha final para a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos será travada, a partir desta segunda-feira, em Londres, onde ao longo de quatro semanas o Old Bailey (Tribunal Central Criminal) vai ser palco das alegações de que o fundador da WikiLeaks terá recrutado hackers para aceder a informações confidenciais dos EUA. Assange enfrenta a possibilidade de ser condenado até 175 anos de prisão, escreve esta segunda-feira o jornal "The Guardian".

Esta é a primeira vez, depois de vários meses, que Assange volta a sentar-se no banco dos réus, depois de não ter comparecido a várias audiências por motivos de doença. Desde que foi detido na embaixada do Equador, em abril de 2019, encontra-se preso em Belmarsh, onde os advogados dizem ser praticamente impossível falar com o seu cliente.

O tribunal irá ouvir os testemunhos do Departamento de Justiça dos EUA, com Julian Assange a responder por 18 crimes - 17 dos quais correspondem a atos de espionagem.

O australiano de 49 anos é acusado de conspirar, receber, obter e divulgar documentos diplomáticos e militares classificados. O caso será julgado pela juíza Vanessa Baraitner, com uma vasta experiência em casos de extradição.

A esposa do ciberativista, Stella Moris, afirma que “o caso de Julian tem enormes repercussões para a liberdade de expressão e de imprensa”, considerando-o “um ataque ao jornalismo”. Para Moris, caso a extradição se concretize “por publicar verdades inconvenientes sobre as guerras do Iraque e no Afeganistão, isso abrirá um precedente, e qualquer jornalista ou editor britânico também poderá ser extraditado no futuro”.

Os advogados de defesa alegam não terem tido tempo suficiente para analisar as acusações e consideram que o julgamento tem uma “motivação política”. Falam de perseguição por parte dos Estados Unidos, que sustentam ser motivada pelo facto de a WikiLeaks ter revelado evidências de crimes de guerra e de violação dos direitos humanos.

A Amnistia Internacional já alertou que a extradição de Assange para os Estados Unidos pode concretizar-se tendo por base “graves violações dos direitos humanos, incluindo possíveis condições de detenção equivalentes a tortura e outros tipos de maus tratos”.

O representante da ONU, Nils Melzer, que visitou Assange na prisão de Belmarsh, relatou que o fundador da WikiLeaks apresentava sinais associados a práticas de tortura.

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