Washington, Louisville, Portland, Rochester... Não se vê o fim dos protestos nos EUA
Protesto em Rochester, Nova Iorque, exigindo justiça para Daniel Prude, um afroamericano morto após uma detenção policial violenta
Zach D Roberts / Getty Images
Várias cidades norte-americanas continuam tomadas por protestos contra a violência policial que visa os negros de uma forma particular. Começaram com o caso de George Floyd e, pelo caminho, foram adicionando os nomes de outras vítimas
A menos de dois meses de umas eleições presidenciais que se adivinham polémicas e tensas, as ruas dos Estados Unidos não dão sinais de acalmia. Nos últimos dias, vários protestos dinamizados pelo movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam) saíram às ruas de várias cidades norte-americanas para repetir até à exaustão slogans de protesto contra a violência policial que visa os negros de forma particular e os nomes de vítimas.
Na capital do país, Washington DC, realizaram-se no sábado marchas e vigílias para exigir justiça para Deon Kay, um afroamericano de 18 anos mortalmente baleado no peito, na quarta-feira, quando fugia da polícia armado. A polícia disse ter disparado antes de o jovem largar a arma, que seria encontrada a 30 metros do local onde Kay tombou.
Em Louisville, estado do Kentucky, o nome mais invocado pelos manifestantes foi o de Breonna Taylor, uma negra de 26 anos morta pela polícia no seu apartamento na própria cidade, em março. Centenas de pessoas tentaram chamar a atenção para o problema concentrando-se antes da realização do Kentucky Derby, uma tradicional competição hípica, vestidos com fardas e armados. A tensão subiu quando o grupo ficou frente a frente com uma milícia armada de direita.
Fardas e armas num protesto exigindo justiça para Breonna Taylor, em Louisville
Brandon Bell / Getty Images
A indignação está igualmente ao rubro em Rochester, no estado de Nova Iorque. Sete polícias foram suspensos na quinta-feira passada pela participação na detenção violenta do afroamericano Daniel Prude, que levaria à sua morte, dias depois.
O caso aconteceu em março, mas os agentes apenas foram detidos um dia após os advogados da família terem divulgado as imagens da detenção captadas pela própria polícia, onde se vê os agentes a taparem a cabeça do homem com um capuz quando já estava no chão.
Nem sempre os protestos são pacíficos, como muitas vezes anunciados. Em Portland, no estado do Oregon, a marcha prevista para este sábado transformou-se numa batalha campal. Manifestantes arremessaram coquetéis molotov contra a polícia. Esta considerou que a manifestação “não autorizada” transformou-se num “motim” e respondeu com gás lacrimogéneo e outras munições “não letais”.
Investida policial numa rua de Portland
CARLOS BARRIA / Reuters
Investida policial numa rua de Portland
CARLOS BARRIA / Reuters
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Esta revolta generalizada leva já 100 dias nas ruas. Começou na sequência do assassínio de George Floyd, sufocado pelo joelho de um polícia, a 25 de maio, em Minneapolis, e vai sendo alimentada por outros casos tornados públicos.
O último destes casos aconteceu a 23 de agosto e envolveu o afroamericano Jacob Blake, baleado sete vezes nas costas, pela polícia, em Kenosha, estado do Wisconsin. Na terça-feira passada, o Presidente Donald Trump visitou a cidade e atribuiu os protestos à esquerda radical e ao “terrorismo doméstico”.
Na quinta-feira, um estudo elaborado pelo US Crisis Project revelou que 93% dos protestos realizados desde a morte de George Floyd foram pacíficos e não causaram destruição. Uma conclusão que contraria diretamente a visão dos acontecimentos expressa pelo Presidente do país.