EUA. Tribunal dá razão a Snowden e declara ilegal programa de espionagem da agência de segurança americana
“Nunca imaginei que haveria de viver até ao dia em que os nossos tribunais condenassem as atividades da NSA”, reagiu Edward Snowden
“Nunca imaginei que haveria de viver até ao dia em que os nossos tribunais condenassem as atividades da NSA”, reagiu Edward Snowden
Um tribunal de segunda instância dos EUA declarou esta quarta-feira como ilegal o programa de recolha de metadados associados a milhões de telefonemas que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) levou a cabo até 2015. Além de admitir a inconstitucionalidade do programa de espionagem da NSA, a decisão dos juízes do Nono Circuito do Tribunal de Recursos, sediado em São Francisco, considerou que os líderes dos serviços de inteligência americanos mentiram no que toca aos metadados recolhidos.
A sentença divulgada considera que o programa de espionagem da NSA violou a lei conhecida como Ato de Vigilância dos Serviços de Informação Estrangeiros.
A menos que haja um futuro apuramento de responsabilidades legais dos líderes da NSA, a sentença do tribunal americano poucos efeitos práticos terá, uma vez que a recolha de metadados pela NSA foi interrompida após a aprovação de uma lei conhecida como Freedom Act, pelo Congresso dos EUA.
Edward Snowden, antigo especialista em ciberespionagem que denunciou a existência de uma base de dados com detalhes de milhões de chamadas na NSA, não demorou a reagir – com alguma surpresa à mistura.
“Nunca imaginei que haveria de viver até ao dia em que os nossos tribunais condenassem as atividades da NSA como ilegais, e nessa mesma sentença me dessem crédito por ter feito essas denúncias”, exaltou Edward Snowden no Twitter.
Apesar de ter considerado como ilegal a recolha de informação que permitiu à NSA apurar origens e destinatários de telefonemas, bem como as horas ou localizações dos interlocutores, o desfecho deste caso não dispensa Edward Snowden do processo que lhe foi movido pela justiça americana, informa o Cnet.
Edward Snowden encontra-se atualmente exilado na Rússia. A ida para o país decorreu de uma fuga às autoridades dos EUA, depois de denunciar em alguns jornais ingleses e americanos o programa de vigilância em massa que agências como a NSA levam a cabo em todo o mundo – e mais importante ainda para efeitos jurídicos nos EUA, sobre cidadãos americanos (os direitos previstos pela Constituição americana não se aplicam a cidadãos estrangeiros).
Depois de revelado o programa de recolha de metadados de telefonemas sem mandado judicial e eventualmente sobre cidadãos americanos que nada de suspeito tinham praticado, os responsáveis da NSA alegaram que a informação recolhida foi útil para identificar quatro extremistas de San Diego que terão dado apoio a fanáticos religiosos na Somália.
Segundo o Tribunal de Recursos dos EUA essa alegação é “inconsistente” com os dados se mantêm confidenciais nos diferentes processos que correm na justiça, informa a Reuters.
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