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Navalny. Amnistia Internacional exige a Moscovo "investigação completa"

Navalny. Amnistia Internacional exige a Moscovo "investigação completa"
MAXIM ZMEYEV/Getty Images

O opositor russo está em coma e ligado a um ventilador nos cuidados intensivos de um hospital na Sibéria, anunciou a sua porta-voz, Kira Yarmysh, na rede social Twitter. "Está em coma, em estado grave", escreveu a porta-voz

A Amnistia Internacional (AI) exigiu esta quinta-feira ao Kremlin uma "investigação completa" às circunstâncias da inesperada deterioração do estado de saúde crítico do líder da oposição, Aleksei Navalny, hospitalizado na Sibéria com suspeita de envenenamento. Num comunicado, a AI exige também que Navalny seja rapidamente diagnosticado e que possa receber tratamento feito por médicos em que a família confie.

O opositor russo está em coma e ligado a um ventilador nos cuidados intensivos de um hospital na Sibéria, anunciou a sua porta-voz, Kira Yarmysh, na rede social Twitter. "Está em coma, em estado grave", escreveu a porta-voz.

Navalny, de 44 anos, sentiu-se mal num voo de Tomsk, uma cidade na Sibéria, para Moscovo. Segundo Yarmysh, o avião fez uma aterragem de emergência em Omsk, também na Sibéria, porque o líder opositor estava a sofrer por causa de um "envenenamento tóxico".

Kira Yarmysh disse que o político deve ter consumido algo do chá que bebeu no início da manhã numa cafetaria do aeroporto antes de embarcar no avião. "Os médicos estão a dizer que a toxina foi absorvida mais rapidamente com o líquido quente", referiu ainda no Twitter, acrescentando que a equipa de Navalny chamou a polícia ao hospital. O vice-diretor do hospital de Omsk, disse, entretanto, que os médicos estão a fazer tudo o que podem para lhe salvar a vida.

No comunicado, a Amnistia Internacional sublinha que a administração do hospital deve fornecer "total acesso" à informação "sobre o estado de saúde e o tratamento à família e médicos que esta escolha".

"Já houve relatos de que ao médico que [Navalny] escolheu não foram prestadas informações sobre os resultados [dos exames médicos] nem do tratamento. À luz destas assunções sobre um possível envenenamento, isto apenas adensa as suspeitas", afirmou Natália Zvyagina, diretora dos escritórios da AI em Moscovo.

"Dadas as graves alegações que têm sido sugeridas como causa da doença de Aleksei Navalny, deve haver uma investigação rápida e independente sobre as circunstâncias em torno da hospitalização. Se se provar que houve uma intenção criminal, os que ordenaram e perpetraram este crime devem comparecer perante a justiça", acrescentou.

Zvyagina referiu que o que sucedeu a Navalny é "inegavelmente semelhante" a outros "incidentes" sofridos por outros críticos das autoridades russas, incluindo o político Vladimir Cara-Murza e o produtor da popular banda "punk" russa Pussy Riot, Pyotr Verzilov. O próprio Navalny, lembrou Zvyagina, já esteve seriamente doente durante a sua prisão administrativa há cerca de um ano. "Nenhum destes incidentes foi investigado", frisou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, desejou uma "recuperação rápida" ao opositor russo. "Sabemos que está em estado grave. Como a qualquer cidadão russo, desejamos-lhe uma recuperação rápida", disse Peskov aos jornalistas.

Vyacheslav Gimadi, advogado da fundação Navalny, disse que a sua equipa vai solicitar ao Comité de Investigação da Rússia que abra uma investigação criminal. "Não há dúvida de que Navalny foi envenenado por causa da sua postura e atividade política", publicou hoje Gimadi também no Twitter.

Principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, Navalny, cujas publicações anticorrupção são amplamente compartilhadas nas redes sociais, já sofreu ataques no passado. Em 2017, Navalny foi pulverizado nos olhos com um desinfetante quando deixava o seu escritório. Navalny, os seus apoiantes e família são regularmente submetidos a prisões, revistas e pressão policial em toda a Rússia.

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