Depois da demissão de três ministros e sete deputados, as suspeitas que já circulavam desde domingo à noite confirmaram-se: o Governo libanês apresentou a demissão em bloco no seguimento da explosão que destruiu quase toda a baixa da capital, Beirute. Tanto a CNN como a Associated Press recolheram informações junto de duas fontes ministeriais que confirmaram a iminente queda do Executivo libanês - e a consequente passagem dos ministros a governantes interinos até que uma solução definitiva seja encontrada, através das eleições antecipadas que o ainda primeiro-ministro Hassan Diab já defendeu. Também ele se deve afastar esta segunda-feira.
Diab é considerado um tecnocrata, um homem com ideias reformistas que por vezes não casam bem com a estratificação e sectarismo antigos da sociedade libanesa. Quando os protestos contra a deterioração da condições de vida tomaram conta de Beirute, em outubro do ano passado, Saad Hariri, ex-primeiro-ministro, acabou por oferecer o seu lugar. Agora é Diab que também é forçado a sair e as razões não são muito diferentes: se por um lado os libaneses se sentem abandonados pelos sucessivos governos à subida enorme do preço dos bens essenciais, por outro sabem que o país tem um nível de corrupção bastante elevado e que deixaram de acreditar que as pessoas realmente culpadas enfrentem a justiça pelos seus crimes.
O procurador da República, Ghassan El Khoury, começou esta segunda-feira a questionar o major-general Tony Saliba, chefe da Segurança do Estado, de acordo com a Agência Nacional de Notícias. O Departamento de Segurança do Estado compilou um relatório sobre os perigos de armazenar o material no porto e enviou uma cópia aos escritórios do presidente e do primeiro-ministro no dia 20 de julho deste ano, escreve a Associated Press.
Cerca de 20 pessoas foram detidas poucas horas após a explosão, incluindo o chefe da alfândega do Líbano e o seu antecessor, bem como o encarregado do porto.
A ministra da Justiça, Marie-Claude Najm, entregou na segunda-feira sua demissão, depois de ter sido recebida com insultos e até com mangueiradas num bairro destruído que tentou visitar.
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