Internacional

Ex-agente secreto saudita acusou príncipe herdeiro de conspirar para o tentar matar

Mohammed bin Salman
Mohammed bin Salman
EPA/ALEXEY NIKOLSKY/SPUTNIK/KREMLIN

A acusação de Saad Aljabri consta de uma ação judicial com várias alegações, incluindo a de que uma equipa de assassinos foi enviada ao Canadá para o raptar duas semanas depois do assassínio de Jamal Khashoggi. O Governo canadiano não comenta as alegações específicas mas também não as nega. Ainda segundo a ação movida nos EUA, os assassinos pertencem a um esquadrão do grupo pessoal de mercenários do príncipe herdeiro

Um antigo agente dos serviços secretos sauditas acusou o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, de conspirar para o tentar matar. Saad Aljabri, que tem ligações próximas a serviços secretos ocidentais, alegou numa ação judicial nos EUA que uma dessas tentativas foi frustrada por agentes canadianos em 2018, escreve esta sexta-feira o jornal “The Guardian”.

Além do príncipe herdeiro, a ação judicial visa outros responsáveis sauditas. Nela, Aljabri diz que o Estado saudita lançou uma campanha contra ele por considerá-lo uma ameaça para a relação de Salman com os EUA e para a eventual ascensão deste ao trono. A queixa inclui vários detalhes, não verificados, de um alegado plano contra Aljabri, incluindo a alegação de que uma equipa de assassinos sauditas foi enviada ao Canadá para o raptar duas semanas depois do assassínio de Jamal Khashoggi, colunista do diário “The Washington Post” e crítico do regime.

A queixa contém ainda referências a planos de dois ataques em solo americano, um contra sinagogas em Chicago e outro que envolvia a explosão de dois aviões de carga com destino aos EUA. Estas tentativas terão sido frustradas devido à intervenção de Aljabri, que é elogiado por antigos colegas americanos e britânicos pelo papel que desempenhou em manter ocidentais seguros face à ameaça da Al-Qaeda. O príncipe herdeiro enviou “ameaças de morte explícitas” a Aljabri e usou frequentemente o WhatsApp, acrescenta a queixa.

Esquadrão da morte

Ainda segundo a queixa, os assassinos pertencem a um esquadrão da morte, que, por sua vez, faz parte do grupo pessoal de mercenários de Salman. Eles terão tentado entrar no Canadá com vistos de turistas a 15 de outubro de 2018 (ou por volta dessa data) com “a intenção de matar” Aljabri.

Em comunicado, o Governo canadiano referiu que não poderia comentar as alegações específicas mas também não as negou, escreve o “Guardian”. “Temos conhecimento de incidentes em que atores estrangeiros tentaram monitorizar, intimidar ou ameaçar canadianos e quem vive no Canadá. É completamente inaceitável e nunca toleraremos que atores estrangeiros ameacem a segurança nacional do Canadá ou a segurança dos nossos cidadãos e residentes. Os canadianos podem estar confiantes de que as nossas agências de segurança têm a capacidade e os recursos necessários para detetar, investigar e responder a este tipo de ameaças”, sublinhou a nota governamental.

Khalid Aljabri, filho de Saad Aljabri, escreveu esta quinta-feira no Twitter que a sua família “não teve outra escolha senão procurar justiça e responsabilização num tribunal federal dos EUA” depois de “esgotar todas as vias para uma solução pacífica”.

Em separado, a família alega que Sarah e Omar, também filhos de Saad, foram presos sem acusação na Arábia Saudita e que não recebe notícias deles desde março.

Khashoggi foi assassinado a 2 de outubro de 2018 depois de ter ido ao consulado saudita em Istambul para recolher os documentos necessários para o casamento com a sua noiva turca. As autoridades turcas que investigaram o caso revelaram que o corpo terá sido desmembrado com uma serra e dissolvido em ácido nas instalações do consulado.

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