Donald Trump publicou em junho que Joe Biden, o candidato democrata à Casa Branca, queria reduzir o financiamento à polícia norte-americana. Ora, a informação foi divulgada no Facebook do presidente mas negada por quatro organizações de fact-checking que trabalham para aquela rede social. No entanto, a publicação não foi retirada pois, apesar das regras apertadas contra a disseminação de notícias falsas, os políticos têm uma benesse da qual o comum dos mortais não goza: estão isentos de cumprir esta norma do Facebook.
De acordo com o jornal norte-americano “The Washington Post”, o Politifact, o CheckYourFact, o FactCheck.org, o The Dispatch e ainda a Associated Press confirmaram que acusação de Trump a Biden era falsa. Ainda assim, essa consideração não chegou ao conhecimento dos utilizadores do Facebook, que continuam a ter acesso à fake-news publicada pelo presidente norte-americano. “Distorção”, “enganador” e “não há nada que comprove” foram algumas das expressões usadas para definir a publicação de Trump sobre o seu opositor.
Escreve ainda o “Washington Post”, que analisou a base de dados do Facebook relativamente a anúncios, que a campanha de Donald Trump divulgou versões falsas de várias notícias pelo menos 22,5 milhões de vezes em mais de 1.400 anúncios, que custaram entre 350 mil dólares (cerca de 300 mil euros) e 553 mil (aproximadamente 453 mil euros). Todos estes anúncios ou foram comprados diretamente pela campanha para a reeleição ou pelo Comité Nacional republicano e tinham como público alvo utilizadores nos estados considerados definidores para a eleição: Ohio, Georgia, Carolina do Norte, Florida e Pensilvânia.
O caso da acusação de que Biden queria suspender o financiamento à polícia não é caso único de mentiras divulgadas pela campanha de Trump. Há ainda registo de alegações falsas sobre políticas referentes ao acesso à educação e serviços de saúde por parte de migrantes e também relativamente à eficácia da atual Administração no combate à covid-19.
Por outro lado, avança ainda a publicação norte-americana, a campanha do democrata Joe Biden não se tem aproveitado desta isenção que é permitida pelo Facebook aos políticos. De acordo com as mesmas organizações de fact-checking, desde março foram encontradas muito poucas publicações com informação falsa nas contas de Biden. E os erros foram detetados sobretudo em declarações feitas pelo candidato em público, seja em eventos de campanha ou em entrevistas. Por exemplo, quando em junho disse que a covid-19 já tinha provocado a morte de 120 milhões pessoas nos EUA, quando o número real era 120 mil.
O programa de fact-checking do Facebook foi lançado em dezembro de 2016, numa resposta àquilo que aconteceu durante a última campanha presidencial, em que se registou uma grande difusão de notícias falsas.
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