A Casa Branca está a considerar colocar o TikTok, parte da empresa chinesa de inovação digital ByteDance, numa lista negra que pode vir a impedir que os norte-americanos acedam a esta aplicação de gravação e edição de pequenos vídeos e que se está a tornar cada vez mais popular, principalmente entre as camadas demográficas mais jovens.
Segundo as informações partilhadas com o diário britânico “Financial Times” por fontes próximas da administração do Presidente Donald Trump, a ideia é que a China não consiga absorver quaisquer dados de norte-americanos que estejam inscritos na aplicação - mas esta manobra é também descrita por pessoas com conhecimento das negociações como “uma forma de Donald Trump mostrar descontentamento com a forma como a China lidou com a pandemia”.
As desconfianças em relação ao TikTok têm quase um ano. Em outubro, o Congresso já tinha discutido a questão da privacidade dos dados de cidadãos norte-americanos por suspeitas das ligações da ByteDance ao Governo chinês e este ano, no início de julho, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse na Fox News que banir o TikTok era uma opção em cima da mesa. Ainda segundo o artigo no "Financial Times”, as restrições, mesmo que a aplicação não seja banida das lojas de aplicações, poderiam aplicar-se às atualizações de software, o que significaria que os utilizadores não poderiam atualizar a aplicação, perdendo potencialmente novas funcionalidades que a empresa venha a disponibilizar para o TikTok.
O Instagram e o Youtube já estão a trabalhar em formatos parecidos. Dom Hofmann, co-fundador do Vine, uma das primeiras aplicações a adotar a possibilidade de gravar pequenos trechos de vídeo, lançou recentemente o Byte, uma aplicação da partilha de vídeo de seis segundos, em janeiro. No início de julho saltou para o primeiro lugar das lojas de aplicações, depois de começarem a surgir os rumores do fim do TikTok nos Estados Unidos.
O TikTok tem cerca de mil milhões de utilizadores e, segundo a opinião que um dos conselheiros de Donald Trump para a área da economia, Larry Kudlow, partilhou com alguns jornalistas a semana passada, pode acabar por se separar da casa-mãe para poder continuar a ser utilizado nos Estados Unidos sem receios de que seja uma espécie de telescópio de Pequim para espiar os cidadãos nos EUA, acusação que os diretores da aplicação negam.
As questões de privacidade podem ser as principais razões atualmente apresentadas oficialmente pelos conselheiros de Trump mas é também claro que o público que habita esta rede não é exatamente o mais próximo da ideologia de Donald Trump. Segundo o jornal "The New York Times", os utilizadores de TikTok e grupos de fãs de música pop sul-coreana, o K-pop, juntaram-se num movimento para deixar Donald Trump sozinho no meio do palco em Tulsa, no seu primeiro comício para as presidenciais de novembro. Isto aconteceu depois da conta oficial da campanha de reeleição de Trump ter pedido a apoiantes que se registassem gratuitamente através dos telemóveis para guardarem lugar no evento.
Várias contas de fãs de K-pop começaram a partilhar a informação com os seguidores, incentivando-os a inscreverem-se no comício. O movimento estendeu-se à aplicação TikTok, onde vídeos com milhões de seguidores encorajavam os utilizadores a fazerem o mesmo. Pode não ter sido a razão que levou o recinto a aparecer menos de meio cheio nas televisões de todo o mundo, mas ajudou.
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