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Espanha. Juan Carlos e Corinna Larsen assinaram contrato de doação de 65 milhões de euros de que seriam beneficiários

O rei emérito assiste a uma tourada há um ano, em Aranjuez. Quando ainda não precisava de usar máscara...
O rei emérito assiste a uma tourada há um ano, em Aranjuez. Quando ainda não precisava de usar máscara...
Juan Medina/Reuters

O documento revelado esta quinta-feira pelo jornal “El Español” esclarece a doação de Juan Carlos à sua amante era irrevogável mesmo após a morte desta. Os herdeiros do agora rei emérito, Filipe VI e as infantas Elena e Cristina, ficavam explicitamente excluídos da herança

O escândalo que envolve o anterior rei de Espanha e a sua ex-amante conhece novo capítulo. Veio a público pela primeira vez um documento que junta as assinaturas de Juan Carlos I e Corinna Larsen, a formalizar a doação de 65 milhões de euros daquele a esta última. Data de junho de 2012.

O escândalo já conta alguns anos e contribuiu para que o filho e atual moanrca, Filipe VI, cortasse a subvenção pública ao pai e renunciasse a qualquer herança que lhe caiba por morte de Juan Carlos. As relações entre ambos estão reduzidas a mínimos. Esta quinta-feira o jornal “El Español” publica os documentos oficiais sobre a doação. Estes provam que Juan Carlos e Larsen seriam os futuros beneficiários daquela quantia, depositada numa fundação na Suíça.

O contrato mostra que o antigo chefe de Estado seria o primeiro beneficiário dos 65 milhões de euros depositados na Fundação Lucum, expressando que ficam excluídos por completo os seus filhos: o rei Filipe VI e as suas irmãs, as infantas Elena e Cristina.

Segundo “El Español”, os fundos foram depositados numa conta da Fundação Lucum aberta no banco Mirabaud de Genebra por Dante Canónica e Arturo Fasana, nomes que figuram como administradores da dita fundação. O verdadeiro beneficiário dos ativos estava oculto e era Juan Carlos.

A investigação persegue a origem da fortuna que o rei emérito conseguiu esconder na Suíça durante quatro anos, com a suspeita de que o dinheiro provenha da Arábia Saudita. Seria parte de uma comissão paga pela intermediação do rei para que se realizasse a adjudicação a um consórcio de empresas espanholas do comboio de alta velocidade entre Medina e Meca.

Doação era irrevogável, sem devolução

O contrato de doação que “El Español” revela esta quinta-feira foi subscrito entre “S.M. Juan Carlos I Rei de Espanha como doador e, como beneficiária, Corinna Larsen”, identificada no contrato com o apelido que usou em tempos, do seu segundo ex-marido, Casimir zu Sayn-Wittgenstein. Foi pelo casamento com ele que Larsen obteve o título de princesa e tratamento de Sua Alteza Sereníssima.

O contrato indica que o doador “é o primeiro beneficiário de uma fundação que possui ativos bancários estimados em mais de 65 milhões de euros”. No artigo 2 do documento fica claro que a doação não tem cláusula de devolução e é irrevogável: Corinna Larsen, que aceitou, é sua beneficiária mesmo no caso de vir a morrer antes do doador, ou seja, Juan Carlos.

Em 15 de março último, o atual rei tornou público que renuncia à parte da herança do seu pai que lhe caberia, procurando deste modo distanciar-se das fraudes fiscais que mancharam o seu antecessor.

Larsen acompanhou Juan Carlos numa famigerada caçada ao elefante no Botsuana, em 2012, que apenas se tornou pública porque o então rei caiu e teve de ser repatriado para submeter-se a cirurgia. O episódio indignou os espanhóis, então a braços com uma crise económica grave e sub medidas de austeridade.

Ao sair do hospital, Juan Carlos pediu desculpas públicas. “Sinto muito. Enganhei-me e não voltará a acontecer”, disse perante as câmaras. Passados dois anos, abdicou, acossado pela perda de popularidade e por outros escândalos que envolviam a sua filha Cristina, cujo marido, Iñaki Urdangarín, foi mais tarde condenado por crimes financeiros, estando ainda a cumprir pena.

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