Doze autoridades sauditas estão presentemente a ser julgadas à revelia na Turquia, acusadas do assassínio de Jamal Khashoggi. Passaram-se dois anos desde que o desaparecimento, em Istambul, daquele colaborador do jornal “The Washington Post” chocou a comunidade internacional e manchou a imagem de reformador liberal de que gozava o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, conhecido por MbS.
Khashoggi tinha 59 anos e pertencera à elite saudita até quebrar laços com ela devido à rápida ascensão de MbS. Mudou-se na altura para Washington, Estados Unidos, onde deu início a uma carreira como colunista de “The Washington Post”.
Foi a noiva turca de Khashoggi, Hatice Cengiz, que fez soar o alarme do seu desaparecimento dentro do consulado saudita, em Istambul, quando lá entrou em 2 de outubro de 2018. Tinha ido recolher os documentos necessários para o casamento que ambos tinham marcado.
É Cengiz que, em conjunto com a relatora especial das Nações Unidas, Agnès Callamard, aguarda esta sexta-feira que o presente julgamento comece a esclarecer o que ocorreu há dois anos, como Khashoggi desapareceu e o que terá acontecido com os seus restos mortais.
Acusação pede penas duras para íntimos de MbS
A presente acusação baseia-se na análise dos registos do telefone e do computador, bem como em declarações de testemunhas, que permitiram concluir que Khashoggi foi morto por estrangulamento. As autoridades turcas que investigaram o caso avançaram que o corpo terá sido desmembrado com uma serra e feito dissolver em ácido nas instalações do consulado.
Divulgada em março passado pelos procuradores turcos, a acusação visa dois homens pertencentes ao círculo íntimo do príncipe MbS, o ex-n.º 2 dos serviços de informação gerais, Ahmed al-Asiri, e o ex-consultor do tribunal real, Saud al-Qahtani. A procuradoria turca pede prisão perpétua para os acusados de “crime premeditado com intenção monstruosa”.
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