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Portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, chefe da diplomacia da UE em Caracas, já não vai ser expulsa da Venezuela

Portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, chefe da diplomacia da UE em Caracas, já não vai ser expulsa da Venezuela
EPA

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decidira na terça-feira expulsar a embaixadora da União Europeia em Caracas, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa. No entanto, um telefonema entre o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano e o seu homólogo europeu reverteu a questão

A embaixadora portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, representante máxima da União Europeia na Venezuela, deixou de ser persona non grata para o regime chavista. Esta quinta-feira, um telefonema entre o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Jorge Arreaza e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, foi uma primeira tentativa de sarar as relações entre as duas partes.

Estas relações viram-se abaladas pelo conturbado ano de 2019, em que a maioria dos países da UE reconheceu o Presidente a Assembleia Nacional e dirigente da oposição, Juan Guaidó, como Presidente interino legítimo da Venezuela. O próprio autoproclamou-se verdadeiro chefe de Estado da nação, por inerência do seu cargo na Assembleia Nacional e por não reconhecer a reeleição do Presidente Nicolás Maduro em 2018, num ato eleitoral contestado pelos observadores internacionais.

Arreaza e Borrell acordaram manter o diálogo político e o governante venezuelano confirmou que Isabel Brilhante Pedrosa já não é persona non grata no país.

Maduro decidira expulsar a portuguesa na terça-feira, depois de a UE ter sancionado 11 funcionários do Governo venezuelano e de vários poderes públicos venezuelanos. Os sancionados pela UE são acusados de “atuar contra o funcionamento democrático da Assembleia Nacional [Parlamento] e de violar a imunidade parlamentar” dos deputados, incluindo Guaidó.

Quem são eles para sancionar, para tentarem impor-se com a ameaça? Quem são? Basta! É por isso que decidi dar à embaixadora da UE em Caracas 72 horas para deixar o nosso país e exigir respeito à UE, disse Maduro numa intervenção televisiva. O chefe de Estado questionou o motivo das sanções e ele próprio respondeu: Já basta do colonialismo europeu contra a Venezuela, da perseguição contra a Venezuela.

Entre a lista de individualidades políticas sancionadas pela UE estão deputados próximos de Maduro: Luis Parra, Franklyn Duarte e José Gregório Noriega. O rol inclui também os procuradores Farik Mora e Dinorah Bustamante, o diretor da Comissão Nacional de Telecomunicações, Jorge Márquez, o magistrado do Supremo Tribunal de Justiça Juan José Mendoza, o auditor das despesas públicas, Elvis Amoroso, os membros da Assembleia Constituinte Tânia Díaz e Cladys Requena, e o secretário-geral do Conselho de Defesa da Nação, José Adelino Ornelas Ferreira. Os sancionados estão proibidos de entrar no espaço europeu e os seus ativos ficam congelados.

O caso do deputado Luis Parra é particularmente complexo. Em janeiro o regime chavista fê-lo eleger presidente da Assembleia Nacional (onde a oposição tem maioria, resultante das legislativas de 2015) em vez de Guaidó, que ocupa o cargo desde 2018. Os parlamentares da oposição foram impedidos de entrar e de participar na eleição, pelo que contestam a legitimidade de Parra. Se Guaidó perdesse a presidência da Assembleia Nacional, perderia a base em que assenta a sua reivindicação da presidência interina do país.

Brilhante Pedrosa exerce funções de embaixadora da União Europeia na Venezuela desde fevereiro de 2018. Entre 2008 e 2011 a diplomata foi cônsul-geral de Portugal em Caracas, período que coincidiu com o forte impulso político e económico das relações bilaterais, promovido pelo então Presidente e mentor da revolução bolivariana, Hugo Chávez (1954-2013), e o então primeiro-ministro português José Sócrates.

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