Internacional

"Não me bata não. Sou trabalhador". Polícia militar brasileira filmada a espancar jovem

Jovem foi espancado na madrugada de sábado, em São Paulo

Um grupo de polícias miliares (PM) brasileiros foi filmado a espancar um jovem em São Paulo, na madrugada de sábado. No vídeo que circula no Youtube o jovem pede apenas: “Não me batam não, sou trabalhador”.

“Nas imagens, é possível ver cinco PMs agredindo um jovem de 27 anos, morador da comunidade, com socos, chutes e golpes de cassetetes. Enquanto é espancado, o jovem fala que é trabalhador, que foi buscar a namorada e que não estava fazendo nada”, diz a plataforma jornalística brasileira Ponte, que também publicou o vídeo no seu site, na internet.

No relato da Ponte, tudo aconteceu pelas 4h da madrugada de sábado, na Rua das Flores, no Jardim Fontális, envolvendo polícias militares do 43º Batalhão, da zona norte de São Paulo.

No vídeo, enquanto um jovem sentado é agredido e arrastado ao longo de uma escada, é possível ouvir um dos polícias militares a ameaçar: “Vou quebrar todo o mundo”.

O caso foi registado inicialmente como “resistência”, diz a Ponte. A plataforma cita mesmo a versão inicial de um dos polícias militares, alegando suspeitas relativamente ao jovem que se “debateu para tentar se desvencilhar” e, assim, “ocasionou a queda de ambos no chão”. Os nomes dos outros PM que aparecem no vídeo não tinham sido citados no registo policial e a vítima, identificada como “autor” da ação não foi ouvida pelo delegado.

No entanto, diz a Ponte, esta versão do registo policial acabou por ser atualizada depois das imagens do vídeo da agressão começarem a circular nas redes sociais. O jovem passou a ser “vítima”, o caso ficou registado como “tortura e falso testemunho” e aparece o nome de outro PM no documento, refere a plataforma.

O Inquérito Policial Militar elaborado depois das imagens da agressão começarem a circular nas redes sociais já fala em lesão corporal e abuso de autoridade. Os PMs dizem ter sido chamados para responder uma ocorrência de “perturbação de sossego público”, referem uma rua interditada e “grande aglomeração de pessoas” e dizem, ainda, ter sido recebidos com pedras e garrafas. Garantem que o jovem foi um dos agressores.

“As imagens chocam pela violência e covardia. Evidenciam a prática do crime de tortura já que a vítima foi submetida pelos agentes do estado a intensa violência e também sofrimento físico e psicológico”, diz Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Condepe - Conselho Estadual de Direitos Humanos.

No Twitter, o governador João Doria (PSDB) também já reagiu: é “absolutamente condenável a atitude dos policiais militares que abusaram da força”, afirma.

À Ponte, a Polícia Militar informou que instaurou um Inquérito Policial Militar por abuso de autoridade contra os policiais logo que teve conhecimento das imagens da agressão.

Segundo a PM, os agentes em causa já foram afastados do serviço operacional, passando assumir funções administrativos com a mesma remuneração.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt

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