Estratego do combate à covid-19 no Japão diz que o Ocidente falhou na luta contra a doença
Hitoshi Oshitani, arquiteto do “modelo do Japão”, aponta as falhas da Europa e dos Estados Unidos no combate à pandemia. Estará certo? As declarações do virologista surgem numa altura em que cresce o descontentamento dos japoneses também quanto ao tratamento do surto no país
A capital, Tóquio, ainda não reabriu completamente a sua economia
O virologista Hitoshi Oshitani, professor da Universidade Tohoku e um dos principais arquitetos da estratégia japonesa de combate ao novo coronavírus não tem dúvidas: a abordagem que desenvolveu foi mais eficaz do que a implementada na Europa e nos Estados Unidos.
“Os dados mostram, de forma clara, que as medidas tomadas pelo Japão foram mais eficazes do que as tomadas nos países ocidentais”, considerou o também membro do painel de especialistas contratado pelo governo japonês numa entrevista ao jornal estatal “Diplomacy”, controlado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do país. Mas Hitoshi Oshitani, arquiteto do “modelo do Japão” (como o primeiro-ministro Shinzō Abe o apelidou) não se cinge às críticas e explica o que diferiu nas duas abordagens.
Enquanto no Ocidente se optou por testar a população de forma massiva e individual, para eliminar completamente o vírus, o Japão permitiu que a transmissão do vírus acontecesse de forma controlada, concentrando esforços na identificação de grupos de infecção e optava por não testar a população. Para Oshitani, que também nega a possibilidade da imunidade de grupo, o segredo foi limitar o acesso aos testes de forma deliberada foi uma das principais razões para o sucesso.
Há 11 anos, durante a pandemia de gripe H1N1, fizeram o contrário e o vírus propagou-se também nas salas de espera dos serviços de saúde enquanto os japoneses aguardavam a sua vez para as recolhas.
As declarações do virologista ao jornal estatal surgem numa altura em que cresce o descontentamento dos japoneses quanto ao tratamento do surto no país. A capital, Tóquio, ainda não reabriu completamente a sua economia e o desempenho do Japão no combate à pandemia não foi tão bom como o de outros países da região.
Taiwan, por exemplo, sofreu apenas sete mortes pela doença, e a Nova Zelândia declarou o vírus como eliminado na passada terça-feira declarou o vírus. Na mesma entrevista, Oshitani reconheceu que o Japão não cumpriu a meta de manter as mortes abaixo de 100 e disse estar concentrado em mantê-las abaixo de 1.000.