George Floyd. Dois mortos em Chicago, pilhagens continuam e Biden acusa Trump de usar militares contra americanos [com fotogaleria]
JIM WATSON/AFP/Getty Images
Pelo menos 5.600 pessoas foram detidas nos EUA desde o início dos protestos contra a morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia. O funeral realiza-se a 9 de junho, em Houston, a sua cidade natal. Entretanto, Joe Biden, o candidato democrata à Casa Branca, acusou Trump de usar as forças armadas “contra os americanos” e gás lacrimogéneo contra “manifestantes pacíficos”
O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, acusou esta segunda-feira o Presidente dos EUA, Donald Trump, de usar as forças armadas "contra os americanos" e gás lacrimogéneo contra "manifestantes pacíficos". "Ele está a usar as forças armadas dos EUA contra os americanos. Ele está a usar gás lacrimogéneo contra manifestantes pacíficos e a disparar balas de borracha. Para uma foto", publicou o ex-vice-Presidente no Twitter, após a visita surpresa de Trump a uma igreja icónica junto à Casa Branca, durante protestos por causa da morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia, há uma semana, em Minneapolis.
Antes, Biden prometera lidar com o "racismo institucional" nos primeiros 100 dias do seu mandato se for eleito Presidente em novembro. Biden reuniu com cerca de uma dúzia de líderes afro-americanos em Wilmington, Delaware, antes de partir para Los Angeles, Atlanta, Chicago e St. Paul, onde se encontrará com os autarcas destas cidades particularmente fustigadas por ações de violência ligadas às manifestações de protesto contra a morte de Floyd.
"O ódio simplesmente não se esconde. Não desaparece. Quando alguém no poder que respira oxigénio para o ódio debaixo de pedras, o ódio emerge das pedras", disse Biden no encontro com os líderes negros, repetindo críticas a Trump, que acusa de instigar à violência com mensagens no Twitter. Se for eleito, Biden diz que procurará soluções para o "racismo institucional" e prometeu criar um órgão de supervisão policial logo nos primeiros dias do mandato.
Trump tem criticado Biden acusando-o de ser cúmplice de muitos dos que estão por detrás das cenas de violência que há uma semana assolam mais de 70 cidades norte-americanas, obrigando vários governadores estaduais a ativar a intervenção militarizada da Guarda Nacional. "O povo do sonolento Joe Biden é tão de esquerda radical que está a trabalhar para tirar os anarquistas da cadeia", escreveu Trump na sua conta de Twitter.
ETIENNE LAURENT/EPA
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Pelo menos 5.600 detidos numa semana
Segundo a agência de notícias Associated Press, pelo menos 5.600 pessoas foram detidas nos EUA desde o início dos protestos. As detenções tiveram lugar sobretudo em cidades em que as manifestações se tornaram mais violentas e num momento em que a polícia e os governadores são instados por Trump a endurecer as ações para reprimir os protestos.
Duas pessoas morreram durante os distúrbios em Cicero, Chicago, enquanto os protestos continuam em várias cidades dos EUA, bem como as pilhagens. O porta-voz da autarquia de Cicero, Ray Hanania, disse que 60 pessoas foram detidas naquela localidade de cerca de 84 mil habitantes, localizada a oeste de Chicago. Hanania não forneceu informações adicionais sobre os mortos ou em que circunstâncias ocorreram.
A polícia do estado de Illinois e o Gabinete do Xerife do Condado de Cook foram chamados para ajudar as forças de segurança locais esta segunda-feira, devido às pilhagens que ali tiveram lugar. Em Buffalo, Nova Iorque, o condutor de uma viatura investiu sobre um grupo de polícias numa manifestação, ferindo pelo menos dois agentes. Em Washington, a polícia voltou a usar gás lacrimogéneo e projéteis para dispersar os manifestantes, enquanto em Nova Iorque o recolher obrigatório não impediu outra noite de destruição, registando-se detenções na sequência de pilhagens.
Em Minneapolis, onde Floyd morreu, foram efetuadas 155 detenções, 800 em Nova Iorque e mais de 900 em Los Angeles.
Autópsia confirma morte devido a pressão no pescoço
A indignação foi sentida um pouco por todo o país. De Nova Iorque a Los Angeles, de Filadélfia a Seattle, centenas de milhares de norte-americanos têm-se manifestado contra a brutalidade policial, o racismo e a desigualdade social. As manifestações terminaram muitas vezes em confrontos com a polícia, em pilhagens e tumultos, levando várias cidades a mobilizar a Guarda Nacional e a impor o recolher obrigatório.
Floyd foi assassinado às mãos da polícia, devido à pressão feita no seu pescoço, e estava sob o efeito de drogas, concluiu o médico legista responsável pela autópsia. O agente, Derek Chauvin, foi demitido, detido e acusado de homicídio. Os três outros agentes presentes no momento dos eventos também foram despedidos, mas não foram até ao momento sujeitos a qualquer acusação.
O funeral de Floyd vai realizar-se a 9 de junho, em Houston, a sua cidade natal, anunciou na segunda-feira o advogado da família. Até àquela data estão previstas várias cerimónias em sua memória, informou o advogado, Ben Crump, numa conferência de imprensa.