Internacional

Polícia de Nova Iorque: Trump diz que não há ninguém melhor, imagens provam o contrário

Polícia de Nova Iorque: Trump diz que não há ninguém melhor, imagens provam o contrário
David Dee Delgado

Desde o passado dia 25 de maio, depois da morte do cidadão norte-americano George Floyd, que várias cidades dos EUA vivem em tumulto. Milhares de protestantes saíram às ruas para condenar os abusos policiais. Em Nova Iorque, na madrugada deste domingo, dois carros da polícia nova iorquina irromperam pela multidão quando nada o fazia prever

Não são mágoas de ontem as que marcam a identidade do povo americano. Sabem o que é uma guerra civil, como viveram a segregação racial levada ao extremo da escravatura por longos anos. Sejam feridas nunca saradas ou pela multi-culturalidade que fundou as bases da construção da cultura americana, certo é existirem diferenças muito acentuadas de credos, raças e heterogeneidade que culminam quase sempre em confronto. Por vezes apenas verbal, muitas vezes físico.

No passado dia 25 de Maio, mais uma vez, um cidadão afro-americano morreu por um comportamento negligente das forças policiais. Um agente da polícia de Minnesota prendeu a respiração a George Floyd durante cerca de oito minutos, pressionando-lhe o pescoço contra o chão, com um joelho, sem o atender ao seu pedido para o largar. "I can't breathe", disse, repetidamente. Não conseguia respirar. Foi ouvido e visto num vídeo gravado por um telemóvel. Tinha 46 anos.

As respostas não demoraram a chegar e fizeram-se notar por protestos, ruas tomadas de assalto, carros e lojas vandalizadas, tudo para se fazer notar a contestação para com as forças policiais e os atos de força muitas vezes excessivos. Ao todo, contabilizou a "CNN", serão pelo menos 25 cidades espalhadas por 16 estados, uma delas Minneapolis (Minnesota), cidade onde George Floyd morreu, onde os protestos eclodiram.

O presidente americano, Donald Trump, já recorreu ao seu meio de comunicação favorito para vir defender as forças de autoridade. "Deixem o melhor de Nova Iorque ser o melhor de Nova Iorque", escreveu no Twitter, utilizando a expressão "New York's Finest", usada tipicamente para descrever a polícia da cidade - "não há ninguém melhor, mas têm de poder fazer o seu trabalho", acrescentou.

No entanto, no melhor pano cai a nódoa - provérbio popular português -, e num vídeo captado nas ruas de Nova Iorque durante as manifestações, dois carros das forças policiais avançaram em direção à multidão. A barricada, feita pelos protestantes - que arremessavam objetos contra a polícia -, foi derrubada à força. Não há notícias de ferimentos resultantes deste episódio, mas terá sido mais uma "acha" para a fogueira entre forças de segurança e manifestantes.

A mesma polícia de Nova York já está a investigar o ocorrido. O prefeito Bill de Blasio disse que o incidente está sob investigação, mas alertou que a polícia pode não ter escolha nestes cenários: "Não vou culpar os policias que estavam a tentar lidar com uma situação absolutamente impossível. As pessoas que estavam a andar em direção ao carro das forças de segurança fizeram-no de forma errada e acabaram por criar uma situação insustentável". Ainda acrescentou que “existe a possibilidade de haver incitadores à violência no meio das manifestações, mas que esses não representam os moradores da cidade de Nova Iorque".

A congressista da câmara dos representantes dos Estados Unidos por Nova Iorque, Alexandria Ocasio-Cortez, veio a público condenar as declarações do prefeito Bill de Blasio ao dizer que não culparia a polícia por estar só a fazer o seu trabalho. Escreveu na rede social Twitter que os comentários "foram inaceitáveis" e que " este é um momento que exige liderança e responsabilidade". A esta crítica juntaram-se outros políticos do estado de Nova Iorque.

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