Ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Donald Trump disse esta terça-feira que a proposta de paz do seu governo representa uma "solução realista de dois estados", antevendo a possibilidade real de que este plano incluiria a criação de um Estado da Palestina. “Eu quero que este acordo seja um grande acordo para os palestinianos, tem de ser assim. Esta é uma oportunidade histórica para os palestinianos conseguirem um Estado próprio. Depois de 70 anos de muito pouco progresso nesta matéria, esta pode ser a última oportunidade”.
O Presidente admitiu ainda que “os palestinianos estão desconfiados depois de anos de promessas por cumprir", mas também estão "preparados para abraçar o seu destino, livre dos falhanços de antigamente”. E acrescentou, logo a seguir, detalhes sobre o plano: a garantia de um território que será mais do dobro daquele atualmente detido pela Palestina e uma capital no leste de Jerusalém, “onde os Estados Unidos orgulhosamente abrirão uma embaixada”. A questão da capital de um futuro Estado palestiniano criou, no entanto, alguma confusão entre os repórteres que estavam a assistir e a escrever, em tempo real, nos sites de notícias internacionais. Trump disse que Jerusalém continuaria “a capital indivisível de Israel” mas ao mesmo tempo garantiu que este seu “plano do século” pressupõe que o leste de Jerusalém seja a capital dos palestinianos.
Além disso, Trump prometeu que “nenhum israelita nem nenhum palestiniano será retirado de sua casa”, o que quer dizer que a Administração Trump não vai pressionar Israel a “desmontar” os seus bairros em território considerado ocupado. "Os EUA vão reconhecer a soberania de Israel sobre o território que acreditamos ser de Israel", disse o Presidente, confirmando não só que os colonatos ficarão onde estão, assim como não espera que Israel abdique da anexação do Vale do Rio Jordão, uma promessa que tanto o atual primeiro-ministro israelita como Benny Gantz, o seu principal oponente nas eleições que se realizarão em março deste ano, já fizeram ao eleitorado israelita.
Referindo-se aos israelitas como um povo que procura a paz - "Eles querem paz, querem muito a paz" - Trump revelou que Israel tem um mapa com as concessões que planeia fazer. “As concessões territoriais por parte de Israel são um grande passo de Israel em nome da paz”, disse Trump.
Rejeição palestiniana
Os palestinianos já rejeitaram a proposta - rejeitaram-na antes mesmo de ela ser conhecida. "O governo dos EUA não encontrará um único palestiniano que esteja ao lado deste projeto", disse o Ministério das Relações Exteriores da Palestina em comunicado emitido no domingo. "O plano de Trump é a trama do século para liquidar a causa palestiniana". O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, convocou uma reunião de emergência da liderança palestiniana sobre o plano para esta terça-feira à noite. O plano pressupõe o envio de cerca de 50 mil milhões de dólares em ajuda financeira, mas esta promessa parece não ser suficiente para convencer os representantes da Palestina a puxar uma cadeira na mesa das negociações.
Desde 2017 que os palestinianos não têm relações formais com o governo de Trump. Foi nesse ano que o Presidente dos Estados Unidos decidiu reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir a embaixada dos EUA para lá, abandonando a antiga morada, em Telavive, capital financeira e comercial do país onde a grande maioria dos países mantém representação diplomática.
De acordo com os representantes palestinianos, a Administração Trump nunca tomou uma posição pública sobre o conflito israelo-palestiniano que não fosse o consentimento quase total dos planos de Israel em anexar os colonatos ao território oficial de Israel, bem como o Vale do Rio Jordão, o que, para eles, inviabiliza a solução dos dois Estados.
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