O coronavirus chinês tem “potencial para assumir uma grande proporção”, disse ao Expresso, esta terça-feira, o comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic. O responsável da Comissão Europeia, recentemente designado para esta pasta, tem pela frente aquela que pode ser a sua primeira grande crise, e logo numa área de difícil preparação.
Talvez por isso os últimos dias tenham sido de muitas reuniões e vigilância constante no Centro de Coordenação de Resposta a Emergências para este assunto. O comissário sai de uma dessas reuniões a tempo de anunciar, em entrevista ao Expresso, que a Comissão Europeia irá pôr o Mecanismo Europeu de Protecção Civil ao serviço dos Estados-membros caso estes necessitem de ajuda para retirar cidadãos da China. O anúncio foi feito esta terça-feira em conferência de imprensa. França já pediu a ativação deste mecanismo para os seus cidadãos em Wuhan,
Além do plano da Saúde, liderado pela comissária da respetiva pasta, Stella Kyriakides, a Comissão Europeia começa a preparar as respostas de emergência caso o vírus atinja proporções maiores. “Estamos a trabalhar na resposta de emergência, porque este centro está a trabalhar todos os dias, 24 horas sobre 24, e está pronto a mobilizar a reação de maneira coordenada em várias áreas. Por exemplo, temos de trabalhar na possibilidade de vir a limitar o tráfego [aéreo]”, diz Lenarcic.
Preparados para o perigo? “Nim”
Ainda são apenas possibilidades, que serão tidas em conta consoante o desenrolar da situação. Outra das medidas, acrescenta o comissário, é a “possibilidade de Estados-membros pedirem assistência para retirar os seus cidadãos”. Outra possibilidade é Bruxelas “promover a deslocalização de equipas médicas e equipamentos”, acrescenta o comissário esloveno.
A preocupação está a tomar conta de alguns responsáveis europeus. Lenarcic admite que, tendo em conta que este vírus tem “uma grande capacidade de propagação muito rápida”, é “um vírus muito perigoso e irá requerer muita preparação”.
E, perante o perigo, estamos preparados? Nem um sim, nem um não. “Estamos a trabalhar nisso, mas é difícil dizê-lo hoje, porque não sabemos a dimensão que esta infeção vai assumir. O potencial de assumir uma grande proporção é sério”, avisa Lenarcic.
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