Internacional

Português relata caos em Wuhan: "os supermercados estão sobrelotados e a comida toda escolhida"

Ano do Rato é comemorado de máscara em Hong Kong
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JEROME FAVRE

Na cidade onde "nasceu" o Coronavírus, há pessoas caídas nas ruas, bloqueios nas estradas de acesso às cidades, e corrida ao açambarcamento nos supermercados. As imagens do caos correm no Twitter no hashtag, por exemplo, #WuhanCoronavirus. Luís Estanislau, português que é treinador adjunto de futebol do clube Hubei Chufeng Heli, da segunda liga chinesa, conta como ficou preso em Wuhan

Português relata caos em Wuhan: "os supermercados estão sobrelotados e a comida toda escolhida"

Cristina Peres

Jornalista de Internacional


"#Wuhan não pode esperar, as pessoas caem no hospital enquanto esperam pela consulta”, lê-se num tweet que inclui um curto vídeo sob o hashtag #WuhanCoronavirus.

Pela lente da maior parte da informação publicada nesta rede social, o isolamento de Wuhan pelas autoridades chinesas como medida para evitar o contágio pelo novo Coronavírus (2019n-Cov) está a ser vivida com grande ansiedade pela população.

Há muitas imagens de postos de controlo em estradas de acesso à cidade e vídeos dos procedimentos nos postos de controlo de entrada, onde as pouquíssimas pessoas autorizadas têm pelo menos de passar por um controlo de medição de temperatura.

À imagem dos fatos de isolamento dos profissionais da saúde, os controladores vestem fatos que lhes cobrem os membros e usam máscaras sobre o nariz e a boca, ainda que a sua eficácia permaneça por confirmar.

São impressionantes as imagens das ruas desertas desta cidade onde vivem 11 milhões de pessoas, tal como o são os vídeos que mostram o modo descontrolado como os cidadãos estão a tentar abastecer-se de bens alimentares.

Em declarações ao Expresso via Messenger, Luís Estanislau, o português treinador adjunto de futebol do clube Hubei Chufeng Heli, da segunda liga chinesa, contou que, tendo regressado recentemente de um estágio no Sul da China, ao chegar a Wuhan já não conseguiu apanhar um voo que lhe permitisse sair da China.

"Quando vimos que já não saíamos tentámos comprar a maior quantidade possível de comida", disse Estanislau. Mas a tentativa de abastecimento não foi fácil: "Esse processo foi complicado porque havia muita gente, os supermercados estavam sobrelotados de gente e a comida já toda escolhida". Não conseguiram abastecer-se de tudo o que queriam, disse ao Expresso, mas "comprámos o que deu". No dia seguinte "voltámos para comprar água, que era do que tínhamos mais falta, para cozinhar e tudo".

É notável a eficácia da operação de contenção do fluxo de pessoas na altura em que se deveria estar a comemorar o Ano Novo Chinês. As imagens das estradas cheias pelos comboios de camiões de bens alimentícios em direção à cidade de Wuhan e de toda a província são comentados como um sucesso da administração chinesa.

No Twitter há também abundância de anedotas, receios, indignações, protestos políticos, defesa do povo de Hong Kong, defesa do Governo chinês... A maior crítica que é feita a Pequim é não ter conseguido controlar o pânico da população. Os próximos dias vão certamente dar conta da importância deste fator.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CPeres@expresso.impresa.pt

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