Com o balanço clínico em permanente atualização, a preocupação em torno do novo coronavírus continua na ordem do dia, ainda que a Organização Mundial da Saúde considere que “não é o momento para declarar a situação uma emergência global”. O surto está a ser acompanhado atentamente e com apreensão, mas o número de casos fora da China é considerado baixo. Pelo sim, pelo não, aumenta a lista de países a assumirem medidas preventivas e a prepararem-se para a eventual necessidade de enfrentar a doença.
Da China, país de origem do 2019-nCoV, chegam notícias de mais cidades confinadas. Após a quarentena imposta desde quinta-feira a Wuhan, foco da infeção, as autoridades ordenaram o isolamento de quatro outras localidades próximas, medida extrema para tentar controlar a transmissão do vírus. Na lista das cidades fechadas ao exterior estão agora Huanggang, com 7,5 milhões de habitantes, e três outras cidades mais pequenas: Ezhou, Chibi e Zhijiang. A decisão significa que 21 milhões de habitantes estão atualmente isolados.
Ao final da tarde desta quinta-feira, os dados mais recentes fixavam os números em 18 mortes (sobretudo homens) e 634 infetados. São esperados novos casos, mas é difícil antecipar a que ritmo e quantidade.
A 18ª morte trouxe uma novidade, já que foi notificada na China, mas pelas autoridades da província de Hebei, ou seja, fora de Wuhan. Para lá das fronteiras chinesas, o vírus chegou a Taiwan, Japão, Coreia do Sul, Tailândia, Vietname, Singapura e Estados Unidos, com ecos vindos da Escócia sobre a possibilidade de existirem quatro pessoas infetadas, além de no Canadá várias outras estarem sob vigilância médica, por apresentarem sinais da doença.
Esta quinta-feira foi também o dia em que o Centro Europeu de Controlo de Doenças elevou para 'moderado' o risco de contágio na União Europeia (UE) do coronavírus. Isto representa um “pequeno aumento” face à avaliação dos riscos feito pelo mesmo organismo, na semana passada, e, conforme foi explicado, surge no seguimento da “confirmação da transmissão de humano para humano”.
Com dois pacientes colocados em regime de isolamento e considerados casos de alto risco, Macau resolveu cancelar as celebrações do Ano Novo Lunar, enquanto Hong Kong transformou dois acampamentos de férias em zonas de quarentena, destinadas a pessoas que tenham mantido contacto com portadores do novo coronavírus.
O fluxo de turistas chineses que tiram férias no Ano Novo Lunar é uma preocupação acrescida, que levou vários aeroportos no mundo a tomarem precauções específicas.
A outro nível, os especialistas procuram conhecer melhor o vírus com que estão a lidar. Um primeiro estudo publicado esta terça-feira na revista “Science China Life Sciences”, da Academia Chinesa de Ciências, analisou a relação entre o novo coronavírus e similares. Entre as principais conclusões, foi apurado que o 2019-nCoV está intimamente relacionado com uma estirpe que infeta morcegos.
Os investigadores admitem a possibilidade de a infeção ter ocorrido através de um animal intermediário, que outra investigação sugere poder ter sido uma cobra.
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