Foi há dois anos e três meses que mais de uma centena de mulheres começou a acusar publicamente o produtor de Hollywood Harvey Weinstein de conduta sexual imprópria, dando início ao movimento #MeToo. O magnata do cinema é esta quarta-feira confrontado em tribunal com acusações de que violou e agrediu sexualmente várias mulheres ao longo de muitos anos.
Num tribunal de Manhattan, Weinstein ouvirá a declaração inicial da acusação, que deverá traçar um alegado padrão de comportamento sexual predatório e coercivo durante décadas, escreve o jornal “The Guardian”.
A acusação mostrará ao júri uma galeria de fotografias de seis mulheres que deverão testemunhar que o produtor usou o seu poder, físico e aquele que lhe conferia a profissão, para as forçar a contacto sexual indesejado.
Acusação tem duas testemunhas-chave
O “Guardian” refere que o destino de Weinstein depende do testemunho de duas das seis mulheres: uma alega que o produtor a violou em 2013 num hotel de Nova Iorque, a outra diz que ele a obrigou a contacto sexual oral em 2006.
Além destas duas testemunhas-chave, há três acusações contra o produtor de cinema – duas de violação e uma de ato sexual criminoso. Há ainda duas acusações de agressão sexual predatória.
Defesa tentará provar consentimento
Uma vez apresentado o caso da acusação ao júri, a equipa de defesa de Weinstein fará a sua declaração inicial. Os advogados planeiam mostrar uma apresentação de PowerPoint que citará emails e mensagens escritas trocados entre algumas das seis testemunhas e o produtor. A intenção é tentar provar que o contacto sexual foi consentido.
Weinstein nega “inequivocamente” todas as acusações feitas contra ele.
Os relatos feitos por várias mulheres ao jornal “The New York Times” e à revista “The New Yorker” ajudaram a iniciar o movimento #MeToo. No entanto, o juiz que preside ao caso, James Burke, já instruiu os jurados a esquecerem a discussão mais abrangente sobre assédio sexual e a focarem-se apenas nos factos. “Isto não é um referendo ao #MeToo”, disse.
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