31 dezembro 2020 10:00
ahmad al-rubaye/getty images
Os protestos violentos junto à embaixada dos EUA em Bagdade, no Iraque, ocorreram na sequência de um ataque aéreo norte-americano que matou, no domingo, 24 membros de um grupo armado iraquiano apoiado pelo Irão e feriu outros tantos. Trump acusa Irão de ser responsável pelo "ataque" à embaixada
31 dezembro 2020 10:00
Vários manifestantes tentaram invadir esta terça-feira a embaixada dos EUA em Bagdade, no Iraque. Queimaram bandeiras, atiraram pedras e derrubaram câmaras de segurança, gritando "morte à América".
A invasão ocorreu na sequência de um ataque aéreo norte-americano que matou, no domingo, 24 membros de um grupo armado iraquiano apoiado pelo Irão.
Os protestos desta terça-feira junto à embaixada dos EUA ocorreram precisamente durante o cortejo fúnebre desses militantes, tendo alguns dos participantes conseguido passar por todos os postos de controlo da Zona Verde de Bagdade e chegar à embaixada.
As forças de segurança iraquianas tentaram controlar a situação, mas alguns manifestantes, incluindo membros dos grupo do Hachd al-Chaabi, uma aliança de paramilitares dominada por fações xiitas pró-iranianas às quais pertencem as brigadas do Hezbollah, a fação alvo dos ataques americanos, tornaram-se violentos.
Carregando cartazes a defender que "o Parlamento deve libertar as tropas americanas, caso contrário, vamos libertá-las" e "fechar a embaixada americana em Bagdade", os manifestantes gritaram "a América é o grande Satanás". As forças americanas dispararam gás lacrimogéneo e granadas de choque para dispersar todos aqueles que entraram na embaixada.
O sentimento antiamericano foi reacendido pelo ataque norte-americano em que morreram dezenas de militantes pró-Irão, em retaliação pela morte de um empreiteiro americano num ataque contra uma base miliar perto de Kirkuk, no norte do Iraque.
Embora o ataque à base iraquiana, de que resultaram também quatro feridos, não tenha sido reivindicado, Washington responsabilizou a fação xiita das brigadas do Hezbollah pelo mesmo e, em resposta, atacou então três bases no Iraque e dois na Síria que pertencem a uma milícia apoiada pelo Irão. Além dos 24 mortos, dezenas de militantes ficaram feridos.
Trump culpa Irão pelo "ataque" à embaixada
Minutos depois da investida junto à embaixada, o Presidente norte-americano, Donald Trump, acusou o Irão de orquestrá-la - referindo-se ao incidente como um "ataque", e também de ser responsável pela morte do empreiteiro norte-americano.
"O Irão matou um empreiteiro americano e feriu outros tantos. Respondemos à altura e é isso que faremos sempre", escreveu Trump no Twitter, continuando: "Agora, o Irão está a tentar orquestrar um ataque na embaixada americana no Iraque e será responsabilizado por isso". Além disso, "esperamos que o Iraque use as suas forças para proteger a embaixada", acrescentou.
Devido à tentativa de invasão (os manifestantes não chegaram a entrar no edifício principal da embaixada), o embaixador norte-americano e restantes funcionários diplomáticos foram retirados da zona em segurança.
(Notícia atualizada às 13h00)