31 dezembro 2020 20:11
Teerão recusa responsabilidades na manifestação junto à embaixada dos Estados Unidos em Bagdad
31 dezembro 2020 20:11
O Irão denunciou esta terça-feira a "audácia" dos Estados Unidos após Washington ter acusado Teerão de ter fomentado o assalto à embaixada norte-americana em Bagdad por milhares de iraquianos, em protesto contra um bombardeamento aéreo.
"A surpreendente audácia dos responsáveis norte-americanos é tal que após a morte de 25 iraquianos e de numerosos feridos [nos raides aéreos do EUA no domingo] que (...) violaram a soberania e integridade territorial do Iraque (...), atribuem à República islâmica do Irão as manifestações do povo iraquiano contra os seus atos cruéis", declarou em comunicado Abbas Mousavi, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros.
Os Estados Unidos enviaram esta terça-feira reforços para proteger a sua embaixada em Bagdad, atacadas por milhares de iraquianos pró-Irão que ecoavam "Morte à América", e em protesto contra os mortíferos ataques norte-americanos.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, acusou de imediato o Irão de ter "orquestrado" um "ataque" pelo qual será "plenamente responsável", fazendo recear uma nova escalada no país, onde decorre deste há três meses uma revolta popular inédita.
Trump exortou o Iraque a "proteger a embaixada" após este ataque dos manifestantes, entretanto condenado pelo Presidente iraquiano, Barham Saleh, e quando o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, advertiu Bagdad que "os Estados Unidos vão proteger e defender os seus cidadãos".
Segundo um elemento da força de segurança citada pela agência noticiosa AFP, um helicóptero com elementos dos 'Marines' (corpo de fuzileiros norte-americanos) aterrou na capital iraquiana depois de o Pentágono ter anunciado o envio de "forças suplementares" para garantir a segurança da missão diplomática. De acordo com um porta-voz da diplomacia norte-americana, não há a intenção de evacuar a embaixada.
Os manifestantes protestavam contra os ataques aéreos norte-americanos que mataram no domingo, na região ocidental do Iraque, 25 combatentes das brigadas do Hezbollah, um grupo armado xiita membro do Hachd al-Chaabi, coligação de paramilitares iraquianos dominada por fações pró-Irão.
Os Estados Unidos responderam com ataques aéreos à morte, na sexta-feira, de um subempreiteiro norte-americano, no 11.º atentado em dois meses contra instalações que acolhem militares americanos no Iraque, e que Washington atribuiu às brigadas do Hezbollah.
Combatentes e partidários do Hachd, que participavam no cortejo fúnebre dos 25 mortos, entraram hoje na designada "Zona Verde" onde se encontra a embaixada dos Estados Unidos e as instituições iraquianas, sem que as forças de segurança de Bagdad os impedissem.
De seguida, invadiram a entrada onde a segurança da embaixada inspeciona os visitantes, queimaram as instalações da segurança no exterior, arrancaram as câmaras de videovigilância, apedrejaram as torres onde estavam os guardas e cobriram as janelas blindadas com bandeiras do Hachd e das brigadas do Hezbollah.
Do interior do edifício, as forças de segurança norte-americanas dispararam para o ar balas reais antes de lançarem gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
A coligação Hachd al-Chaabi alega que a investida causou 62 feridos.