A arder desde setembro. Nova onda de calor ameaça Austrália
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“Trata-se de reforçar a proteção antes de as condições se deteriorarem novamente”, afirmou o comissário do serviço de combate a incêndios rurais de Nova Gales do Sul. “Não esperamos condições catastróficas mas será certamente mais um período difícil”, alertou. Há mais de 100 fogos ativos uma semana depois de o país ter registado temperaturas recorde
A onda de calor, prevista para a Austrália nos próximos dias, deverá dificultar as condições de combate aos incêndios florestais que lavram no país desde setembro e que provocaram nove mortos e centenas de casas destruídas. A partir desta sexta-feira, as temperaturas devem ultrapassar os 40ºC em vários estados afetados pelos fogos, incluindo Nova Gales do Sul, Austrália do Sul e Vitória, dizem as autoridades.
Há mais de 100 fogos ativos apenas uma semana depois de o país ter registado uma temperatura recorde de 41,9ºC.
“Trata-se de reforçar a proteção antes de as condições se deteriorarem novamente”, afirmou o comissário do serviço de combate a incêndios rurais de Nova Gales do Sul, Shane Fitzsimmons. “Não esperamos as condições catastróficas das últimas semanas mas será certamente mais um período difícil”, alertou.
Ainda assim, os bombeiros dizem estar a preparar-se para condições semelhantes de secura, baixa humidade e ventos voláteis. Nos últimos dias, as equipas de combate aproveitaram as temperaturas mais baixas registadas durante o Natal para tentarem conter as frentes de incêndio.
Os fogos podem representar ainda uma ameaça ao abastecimento de água potável em Sydney, escreve esta sexta-feira o jornal “The Sydney Morning Herald”.
Governo recusa pagar a bombeiros voluntários
Na semana passada, o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, pediu desculpas por ter estado de férias no Havai numa altura em que a situação dos incêndios se agravou. Morrison foi amplamente criticado depois de terem vindo a público relatos de que se teria ausentado do país sem aviso prévio. Os seus ministros defenderam o direito do chefe de Governo àquela pausa mas recusaram-se a confirmar o seu paradeiro. Uma fonte oficial do Executivo chegou mesmo a dizer que os relatos de que estaria no Havai eram “incorretos”.
Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália
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O Governo também tem sido criticado pela forma como respondeu à crise de incêndios e pela relutância em reconhecer o impacto das alterações climáticas nos fogos. O debate centrou-se entretanto na compensação dos bombeiros voluntários, que representam quase 90% dos meios humanos que combatem as chamas em Nova Gales do Sul. O primeiro-ministro tem rejeitado as sugestões de pagamento aos voluntários e, em vez disso, anunciou o direito a férias pagas prolongadas para quem tenha combatido os incêndios.
Na semana passada, dois bombeiros voluntários morreram a caminho de um incêndio nas proximidades de Sydney.
30% dos koalas morreram
A ministra do Ambiente, Sussan Ley, revelou esta sexta-feira que cerca de 30% dos koalas na costa centro-norte de Nova Gales do Sul podem ter morrido porque “30% do seu habitat foi destruído” pelos incêndios. “Saberemos mais quando os fogos acalmarem e puder ser feita uma avaliação adequada”, acrescentou ao programa “AM” da rádio ABC.
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A costa centro-norte daquele estado alberga um número significativo dos koalas da Austrália, com uma população estimada entre os 15 mil e os 28 mil. Apesar de a espécie estar ameaçada, os relatos de que os koalas estariam “oficialmente extintos” no país foram considerados incorretos e exagerados.