Grupo integralista brasileiro reivindica ataque à Porta dos Fundos

Um vídeo com pouco mais de dois minutos revelado esta quinta-feira pela imprensa brasileira, mostra um grupo de pessoas de cara tapada a reivindicar o ataque com cocktails Molotov à sede da produtora do programa de humor Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, durante a madrugada de terça-feira, 24 de dezembro.

Além dos homens encapuzados, o vídeo colocado no YouTube por um suposto grupo chamado Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira revela supostas imagens do ataque.

De acordo com a edição online do jornal Estado de São Paulo, a Polícia Civil do Rio de Janeiro tem já em sua posse estas imagens e está a investigá-las. Fontes do jornal revelam que se trata de imagens verdadeiras do ataque contra a produtora.

Já a edição de O Globo revela que um vídeo gravado por uma câmara de segurança identifica a placa do veículo onde viajou parte dos criminosos que atacaram a Porta dos Fundos. Seriam três suspeitos e um deles estaria com o rosto descoberto, o que facilitaria a identificação, avança o jornal carioca. Um dos homens estava numa moto, e fugiu na contramão na rua onde fica sediada a empresa.

Em reação à notícia, a Frente Integralista Brasileira (FIB), a principal organização de defesa do integralismo naquele país, negou qualquer relação com este grupo que assumiu a autoria de um ataque. "O grupo em questão é desconhecido pela FIB e não possuímos com ele qualquer relação. Não temos certeza sobre a autenticidade do vídeo, e por isso não descartamos a possibilidade de ter sido um material forjado com o fim de incriminar os integralistas", informou a direção do movimento, que se apresenta como organização sem vínculo com partidos políticos ou empresas e que atua em defesa de "valores morais, patrióticos e religiosos".

A Frente Integralista Brasileira lembra que entre os membros é proibido o uso de máscaras, o que considera ser "uma atitude anti-integralista".

O programa Porta dos Fundos foi duramente atacado nas redes sociais por pessoas e grupos que se mostraram descontentes com o especial de Natal denominado “A primeira tentação de Cristo”, emitido em dezembro pelo canal o Netflix. No filme, Jesus (interpretado pelo ator Gregorio Duvivier) é surpreendido com uma festa de aniversário quando voltava do deserto acompanhado pelo namorado.

Em declarações ao Expresso, Gregório Duvivier, o ator que interpreta o papel de Jesus gay, diz que o ataque não se tratou de “obra de poucos malucos”.

“Muita gente estava a sugerir que isto acontecesse, que estava ameaçando [este cenário]”, começa por dizer ao Expresso. “As pessoas na Internet, no Congresso… Houve deputados falando que seria bem-vindo que isto acontecesse. Depois de ter acontecido, continuam a dizê-lo. Há deputados, como o sargento Fahur e outros do tipo, que estão comemorando o atentado.”

Notícia atualizada às 16h00