“Ainda não viram nada.” No primeiro discurso perante o seu novo elenco governativo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, citou Ronald Reagan. Em novembro de 1986, o então Presidente dos EUA, ignorando uma perda esmagadora nas eleições para o Senado, prometeu avançar com o seu programa. A situação de Johnson é bastante mais favorável, menos de uma semana após ter conseguido uma maioria absoluta (e histórica) para os conservadores.
Após um resultado “sísmico” nas eleições da semana passada, Johnson deu esta terça-feira as boas-vindas aos seus ministros. “Os eleitores deste país mudaram este Governo e o nosso partido para melhor, e nós temos agora de retribuir a confiança, trabalhando a todo o vapor para mudarmos o nosso país para melhor”, disse na primeira reunião ministerial em Downing Street.
A agenda doméstica do Governo deve focar-se na justiça social, em melhores infraestruturas e em “ampliar oportunidades em todo o Reino Unido”, acrescentou. “Não devemos ter qualquer vergonha em dizer que somos um Governo do povo e que vamos trabalhar para concretizar as prioridades do povo britânico. E é isso que eles querem que façamos”, sublinhou Johnson.
Governo quer impedir alargamento do período de transição
A Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento britânico, voltou a reunir-se na terça-feira para o juramento do novo speaker e dos deputados, um processo que continua esta quarta-feira. O Discurso da Rainha, que marca o arranque oficial dos trabalhos parlamentares, com o anúncio do programa legislativo do Governo, será lido por Isabel II na quinta-feira. No dia seguinte, Johnson pretende apresentar o projeto de lei do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) aos deputados.
O Executivo planeia impedir que o período de transição do Brexit vá para lá do final do próximo ano. “Não prolongaremos o período de implementação e o novo projeto de lei proibirá o Governo de acordar qualquer extensão”, revelou uma fonte de Downing Street.
Johnson e a nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falaram ao telefone e concordaram em iniciar conversações sobre trocas comerciais em breve.
“Concordámos em iniciar negociações o mais rapidamente possível sobre a futura parceria UE-Reino Unido. Iremos encontrar-nos no início de 2020. O Reino Unido será sempre um amigo, um parceiro e um aliado”, escreveu Von der Leyen no Twitter.
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