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Índia. Polícia nega ter disparado sobre manifestantes opositores de lei de cidadania que exclui muçulmanos

Índia. Polícia nega ter disparado sobre manifestantes opositores de lei de cidadania que exclui muçulmanos
Burhaan Kinu/Hindustan Times/Getty Images

Pelo menos três pessoas dizem ter sido baleadas, mas a polícia afirma que os ferimentos foram causados por latas partidas de gás lacrimogéneo. Para Modi, a lei ilustra “a cultura secular da Índia de aceitação, harmonia, compaixão e fraternidade”. Segundo a oposição, a lei e o registo de cidadãos são “armas de polarização em massa libertadas por fascistas”

Índia. Polícia nega ter disparado sobre manifestantes opositores de lei de cidadania que exclui muçulmanos

Hélder Gomes

Jornalista

A polícia indiana nega ter disparado sobre manifestantes que se concentraram no domingo na Universidade Jamia Millia Islamia, em Nova Deli, contra uma lei que concede cidadania a não-muçulmanos de países vizinhos.

Pelo menos três pessoas dizem ter sido baleadas, mas a polícia afirma que os ferimentos foram causados por latas partidas de gás lacrimogéneo.

Na última semana, manifestantes incendiaram pneus e cortaram árvores para bloquearem estradas e acessos no nordeste da Índia. Grupos islâmicos e de direitos humanos e a oposição lideram os protestos e apontam o dedo ao primeiro-ministro, Narendra Modi, que acusam de ter uma agenda nacionalista hindu, com o objetivo de marginalizar os 200 milhões de muçulmanos do território. Modi nega essa intenção.

Pelo menos seis mortos em estado do nordeste do país

O Citizenship Amendment Act (CAA) propõe uma alteração à lei da cidadania de 1955 para garantir nacionalidade indiana a hindus, budistas e jainistas, as religiões mais antigas do país, bem como a cristãos, sikhs e parsis perseguidos nos países vizinhos da Índia.

No estado de Assam, pelo menos seis pessoas morreram desde o início dos protestos, que se estenderam ao resto do país e a várias universidades.

Na segunda-feira, Modi publicou vários tweets em defesa da nova legislação. Segundo o chefe do Governo, o projeto de lei, aprovado nas duas câmaras do Parlamento com “apoio esmagador”, ilustra “a cultura secular da Índia de aceitação, harmonia, compaixão e fraternidade”.

“Quero garantir inequivocamente aos meus concidadãos indianos que o CAA não afeta nenhum cidadão da Índia de nenhuma religião. Nenhum indiano tem nada que se preocupar com esta lei. Esta lei é apenas para aqueles que enfrentaram anos de perseguição no exterior e não têm outro sítio para onde ir além da Índia”, acrescentou.

No entanto, Rahul Gandhi, o adversário derrotado de Modi nas eleições deste ano, sublinhou que tanto a lei como um controverso registo de cidadãos são “armas de polarização em massa libertadas por fascistas”. “A melhor defesa contra estas armas sujas é a resistência pacífica, não violenta. Estou solidário com todos os que protestam pacificamente contra” aquela lei e o registo, escreveu no Twitter.

Uma parte da insatisfação não diz apenas respeito à nova legislação, mas também aos migrantes hindus do Bangladesh, que são tidos como invasores por uma franja da população do nordeste da Índia.

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