A polícia indiana nega ter disparado sobre manifestantes que se concentraram no domingo na Universidade Jamia Millia Islamia, em Nova Deli, contra uma lei que concede cidadania a não-muçulmanos de países vizinhos.
Pelo menos três pessoas dizem ter sido baleadas, mas a polícia afirma que os ferimentos foram causados por latas partidas de gás lacrimogéneo.
Na última semana, manifestantes incendiaram pneus e cortaram árvores para bloquearem estradas e acessos no nordeste da Índia. Grupos islâmicos e de direitos humanos e a oposição lideram os protestos e apontam o dedo ao primeiro-ministro, Narendra Modi, que acusam de ter uma agenda nacionalista hindu, com o objetivo de marginalizar os 200 milhões de muçulmanos do território. Modi nega essa intenção.
Pelo menos seis mortos em estado do nordeste do país
O Citizenship Amendment Act (CAA) propõe uma alteração à lei da cidadania de 1955 para garantir nacionalidade indiana a hindus, budistas e jainistas, as religiões mais antigas do país, bem como a cristãos, sikhs e parsis perseguidos nos países vizinhos da Índia.
No estado de Assam, pelo menos seis pessoas morreram desde o início dos protestos, que se estenderam ao resto do país e a várias universidades.
Na segunda-feira, Modi publicou vários tweets em defesa da nova legislação. Segundo o chefe do Governo, o projeto de lei, aprovado nas duas câmaras do Parlamento com “apoio esmagador”, ilustra “a cultura secular da Índia de aceitação, harmonia, compaixão e fraternidade”.
“Quero garantir inequivocamente aos meus concidadãos indianos que o CAA não afeta nenhum cidadão da Índia de nenhuma religião. Nenhum indiano tem nada que se preocupar com esta lei. Esta lei é apenas para aqueles que enfrentaram anos de perseguição no exterior e não têm outro sítio para onde ir além da Índia”, acrescentou.
No entanto, Rahul Gandhi, o adversário derrotado de Modi nas eleições deste ano, sublinhou que tanto a lei como um controverso registo de cidadãos são “armas de polarização em massa libertadas por fascistas”. “A melhor defesa contra estas armas sujas é a resistência pacífica, não violenta. Estou solidário com todos os que protestam pacificamente contra” aquela lei e o registo, escreveu no Twitter.
Uma parte da insatisfação não diz apenas respeito à nova legislação, mas também aos migrantes hindus do Bangladesh, que são tidos como invasores por uma franja da população do nordeste da Índia.
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