A figura democrata mais destacada no Senado dos EUA, o líder da minoria Chuck Schumer, apelou este domingo a que a câmara alta do Congresso, liderada por republicanos, exija depoimentos de três atuais e um antigo assessor da Casa Branca. Em causa está o julgamento esperado para o início do próximo ano no Senado sobre o ‘impeachment’ do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Schumer solicitou formalmente os depoimentos do chefe de gabinete em exercício da Casa Branca, Mick Mulvaney, e do assessor Robert Blair, do antigo conselheiro de segurança nacional John Bolton e do responsável do Orçamento Michael Duffey, noticia a agência Reuters.
O apelo foi feito em carta endereçada ao líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, que na semana passada anunciou que estava a coordenar-se com a Casa Branca e aludiu a um breve julgamento sem testemunhas convocadas.
Os democratas na Câmara dos Representantes, onde detêm a maioria, também pediram os testemunhos daqueles quatro responsáveis na sua investigação à pressão de Trump sobre a Ucrânia. Mulvaney, Blair e Duffey desafiaram as intimações para testemunhar, enquanto Bolton não foi intimado.
Votação nos Representantes é esta semana
Esta semana, Trump tornar-se-á o terceiro Presidente dos EUA a ser alvo de ‘impeachment’ depois de os Representantes votarem as acusações de abuso de poder e obstrução à justiça.
Os democratas consideram que o Presidente abusou do cargo que ocupa ao pedir a Kiev para investigar Joe Biden, um dos candidatos mais bem posicionados para conseguir a nomeação democrata nas eleições do próximo ano em que Trump concorre à reeleição. A acusação de obstrução baseia-se em parte nas diretivas da Casa Branca para que os seus funcionários não cooperassem com o inquérito à destituição presidencial.
O travão no Senado
Ao chegar ao Senado, o ‘impeachment’ só resultaria na destituição de Trump se fosse votado favoravelmente por dois terços dos senadores. Até ao momento, nenhum senador republicano deu indicação de que votaria nesse sentido, pelo que, chumbado na câmara alta, o processo morreria e Trump continuaria no cargo, como, de resto, aconteceu com Bill Clinton.
O Presidente nega ter cometido quaisquer irregularidades e classificou o processo de ‘impeachment’ como “uma farsa”. Já os democratas acusam-no de ter colocado a Constituição americana em risco, comprometendo a segurança nacional e a integridade das eleições do próximo ano.
A origem e o calendário do processo
O inquérito de destituição presidencial centra-se nas alegações de que Trump pressionou a Ucrânia a anunciar publicamente uma investigação ao ex-vice-Presidente Joe Biden. Em concreto, o Presidente Volodymyr Zelensky deveria anunciar que estava em curso uma investigação à produtora de gás Burisma, que contratara Hunter, filho de Joe Biden, e só assim Kiev receberia a prometida ajuda militar norte-americana.
A ajuda à Ucrânia foi finalmente libertada em setembro, depois de um denunciante ter dado o alerta sobre um telefonema de 25 de julho entre os Presidentes Trump e Zelensky. A queixa do denunciante levou os democratas a darem início a uma investigação de ‘impeachment’.
Na sua carta, Schumer também insta o Senado a exigir um “conjunto limitado de documentos” que ele considera que ajudarão a perceber os contornos da decisão de Trump de atrasar 391 milhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia, fazendo-a depender do anúncio de uma investigação aos Biden.
O líder da minoria democrata também sugeriu que os procedimentos pré-julgamento aconteceriam a 6 de janeiro e que os senadores e o chefe de Justiça dos EUA, John Roberts, que presidirá à sessão, prestariam juramento no dia seguinte.
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