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Podemos despede advogado que se diz perseguido por investigar “irregularidades” no partido

Podemos despede advogado que se diz perseguido por investigar “irregularidades” no partido
Pablo Blazquez Dominguez / Getty

José Maria Calvente foi despedido por alegado assédio laboral e sexual reiterado contra uma subordinada. Garante estar inocente e a medida ser uma mera represália por ter tocado “em coisas que não devia”

Prestes a concluir as negociações com o PSOE para formar um Governo de coligação em Espanha, o Podemos enfrenta um inesperado terramoto interno, que envolve o despedimento do advogado responsável pela área legal do partido desde há anos, acusações de assédio sexual e suspeitas de corrupção dirigidas a alguns dos mais relevantes representantes da força política liderada por Pablo Iglesias.

De um lado está José Maria Calvente, o advogado despedido esta segunda-feira por alegado assédio laboral e sexual reiterado contra uma subordinada. A mulher terá alertado os seus superiores para a situação, o que levou à abertura de uma investigação interna, cuja conclusão levou ao afastamento do até agora responsável pela proteção de dados do Podemos. No documento que oficializa o despedimento de Calvente, e a que o “El País” teve acesso, constam inúmeras mensagens enviadas pelo advogado à funcionária em causa, desde 2017, através das redes sociais. “Esta situações são inadmissíveis e defendemos a nossa luta contra as violências machistas”, declarou o partido.

Calvente saiu – foi também despedida a advogada que era o seu braço direito no Podemos – mas garante que está inocente. Diz estar a ser alvo de calúnias e perseguido apenas porque investigava “um sem fim de ilegalidades” no interior do Podemos, entre as quais irregularidades na utilização de dados e o pagamento de quantias ‘por baixo da mesa’ a (pelo menos) um alto dirigente do partido.

“Creio que toquei em coisas que não devia”, afirmou José Calvente ao “El País”, ainda que tenha isentado de responsabilidades Pablo Iglesias e a sua companheira, a deputada e porta-voz do grupo parlamentar, Irene Montero: “Estou convencido que são alheios a tudo isto”.

Calvente e Monica Carona, a advogada também despedida, fazem referência a “irregularidades cometidas por membros do partido e que podem consubstanciar infrações criminais ou administrativas”, ainda que não forneçam exemplos. O Podemos adianta que as acusações não têm fundamento e pondera tomar ações legais contra o ex-funcionário.

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