Internacional

Estados-membros assinalam 70.º aniversário da NATO sem conseguirem disfarçar tensões

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, à chegada para o segundo e último dia da cimeira da NATO
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, à chegada para o segundo e último dia da cimeira da NATO
Chris J Ratcliffe/Getty Images

Boris Johnson, anfitrião da cimeira de dois dias, deverá lembrar que o compromisso de defesa mútua está no centro da aliança, que protege “quase mil milhões” sob o princípio de “um por todos e todos por um”. O primeiro dia ficou marcado pelas divergências sobre a ação militar da Turquia no norte da Síria e os gastos militares de cada país com a organização

Estados-membros assinalam 70.º aniversário da NATO sem conseguirem disfarçar tensões

Hélder Gomes

Jornalista

Os líderes dos Estados-membros da NATO reúnem-se esta quarta-feira nos arredores de Londres para assinalar o 70.º aniversário da Aliança Atlântica. O encontro do segundo e último dia da cimeira tem lugar num hotel de luxo perto da cidade de Watford, noticia a BBC.

Após a tradicional “fotografia de família”, os líderes de Estado e de Governo da aliança reúnem-se num encontro formal de três horas. A reunião deverá cobrir questões como os ataques cibernéticos e o desafio estratégico que a China representa.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anfitrião da cimeira, deverá lembrar que o compromisso dos membros de se defenderem mutuamente está no centro da aliança, que protege “quase mil milhões de pessoas” sob o princípio de “um por todos e todos por um”.

NATO estima que nove países cumpram meta de gastos

Esta terça-feira, o primeiro dia da cimeira, ficou marcada pela tensão entre os aliados. Embora o futuro do bloco de 29 Estados-membros não esteja em dúvida, há divergências quanto à recente ação militar da Turquia no norte da Síria e aos gastos militares de cada país com a organização, sintetiza a estação britânica.

Desde que foi eleito Presidente dos EUA em 2016, Donald Trump tem criticado com veemência as contribuições de outros aliados para a defesa comum.

As estimativas da NATO para este ano mostram que, além dos Estados Unidos, há agora oito países que cumprem a meta, acordada por todos os Estados-membros, de gastar 2% ou mais do respetivo Produto Interno Bruto (PIB) em defesa.

Tensões com a Turquia por causa de curdos e russos

Antes de partir para a capital britânica, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que se oporia ao plano de defesa da NATO para a região do Báltico se a aliança não o apoiasse na luta contra militantes curdos na Síria, que Ancara considera terroristas. No entanto, esse apoio não parece colher junto de outros líderes. O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou mesmo: “A Turquia está agora a combater aqueles que lutaram connosco, ombro a ombro, contra o [autoproclamado] Estado Islâmico.”

A decisão de Erdogan de comprar um sistema russo de defesa antimísseis acentuou ainda mais as tensões. Trump afirmou estar a considerar impor sanções a Ancara pela compra do sistema S-400, enquanto Macron lançou a pergunta: “Como é possível ser-se um membro da aliança e comprar coisas à Rússia?”.

Trump e Macron também se envolveram numa troca de galhardetes. No mês passado, o Presidente francês declarou que o compromisso de Washington com a aliança estava a desvanecer. O seu homólogo norte-americano reagiu esta terça-feira, classificando como “muito desrespeitosas” e “desagradáveis” as declarações recentes de Macron sobre a alegada “morte cerebral” da NATO. Em conferência de imprensa conjunta com Trump, Macron reiterou a ideia defendida anteriormente.

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