A nova Comissão Europeia, para o período 2019-2024, tem caminho aberto para iniciar funções no próximo domingo, 1 de dezembro. A equipa liderada pela alemã Ursula von der Leyen foi aprovada, esta quarta-feira, pelo Parlamento Europeu, com 461 votos a favor, 157 contra e 89 abstenções.
A Comissão recebeu “luz verde” dos três principais grupos políticos no Parlamento (democratas-cristãos, socialistas e liberais). Entre os eurodeputados portugueses, PSD, PS e CDS votaram a favor, PCP e Bloco de esquerda votaram contra. Quanto ao PAN, absteve-se.
Inicialmente prevista para começar a trabalhar a 1 de novembro, o processo foi atrasado pelo chumbo de três comissários após as audições dos candidatos no Parlamento Europeu. Foram eles os candidatos sugeridos por França, Roménia e Hungria.
O Executivo comunitário, que foi aprovado na segunda-feira pelo Conselho, não integra um comissário britânico apesar dos apelos de Bruxelas para que o primeiro-ministro Boris Johnson o fizesse.
“Todos sabemos que um membro da nossa família tenciona deixar a nossa União. Não é segredo que serei sempre uma ‘remainer’ [defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia]. Mas também respeitarei a decisão tomada pelo povo britânico”, afirmou a presidente da Comissão no discurso que antecedeu o debate e votação da lista de comissários.
Durante cerca de 40 minutos, Ursula von der Leyen apresentou as prioridades do seu programa, com especial ênfase no Green Deal, “a nossa nova estratégia de crescimento. Vai ajudar-nos a cortar as emissões [de dióxido de carbono] e ao mesmo tempo a criar empregos”.
Este plano estratégico, que visa fazer da Europa o primeiro continente neutro em carbono, será da responsabilidade do holandês Frans Timmermans, que transita da Comissão Juncker.
“Se há uma área onde o mundo necessita da nossa liderança, é na proteção ao nosso clima. Trata-se de uma ameaça existencial para a Europa — e para o mundo. Como pode não o ser quando 85% das pessoas que vivem em pobreza extrema vivem nos 20 países mais vulneráveis às alterações climáticas?”
A agenda verde da Comissão não seduziu o grupo dos Verdes, que se absteve na votação desta quarta-feira.
Doze países propuseram comissárias
A alemã é a primeira mulher a liderar a Comissão Europeia. A sua equipa é igualmente a mais paritária de sempre, com 12 mulheres (num total de 27 membros), entre as quais a portuguesa Elisa Ferreira, comissária para a Coesão e Reformas.
Para além de Portugal e da Alemanha (com a própria Ursula von der Leyen), nomearam mulheres para o cargo de comissárias Malta, Bulgária, Suécia, República Checa, Chipre, Estónia, Croácia, Finlândia, Roménia e Dinamarca.
“Todos os membros do meu Colégio terão, pela primeira vez, um gabinete equilibrado em termos de género”, disse a presidente. “Até ao final do nosso mandato, teremos igualdade de género em todos os níveis de gestão — pela primeira vez. Isso mudará a face da Comissão.”
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