Trump sobre impeachment: "Francamente, eu quero um julgamento"

Num longo telefonema para a Fox News, Trump desmentiu testemunhas e disse que gostaria de testemunhar em julgamento.
Num longo telefonema para a Fox News, Trump desmentiu testemunhas e disse que gostaria de testemunhar em julgamento.
"Francamente, eu quero um julgamento". Palavra e Donald Trump sobre o processo de impeachment num longo telefonema para o programa programa Fox and Friends, do seu canal de informação preferido (Fox).
Na entrevista telefónica, Trump criticou as audiências públicas, defendendo que o julgamento no Senado americano seria justificado. Mas, manifestou a convicção de que a Câmara de Representantes não o vai acusar.
Para que o presidente vá a julgamento, é preciso que a Câmara de Representantes o acuse formalmente. Mas para já, segue-se uma semana de pausa. Os democratas tentarão perceber se conseguem levar a votação da destituição presidencial ao Senado ainda antes do fim do ano.
Os comentários de Trump surgem após duas semanas de audiências públicas em que 12 testemunhas (diplomatas e funcionários públicos) se pronunciaram, no âmbito do inquérito sobre o impeachment. As testemunhas confirmaram pressões de Trump ao presidente ucraniano para que lançasse uma investigação ao seu rival democrata Joe Biden, que poderá ser o escolhido para disputar as eleições de 2020.
"Acho muito difícil sustentarem o impeachment porque eles não têm absolutamente nada", disse Trump à Fox.
Ao longo da entrevista, o presidente visou em especial o depoimento da antiga embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Marie Yovanovitch, mostrando-se "indignado e frustrado" pelo estado da investigação.
Lamentou que os republicanos não tenham sido autorizados a chamar testemunhas durante as audiências no Congresso e por isso, defendeu um julgamento "para ter uma oportunidade de questionar" o denunciante e o presidente do comité de Inteligência da Câmara, o democrata Adam Schiff.
Trump desmentiu o testemunho que David Holmes, funcionário da embaixada dos EUA em kiev, prestara na véspera.
Holmes disse sob juramento que ouvira num restaurante em Kiev uma conversa telefónica no dia 26 de julho, na qual o presidente avisara Gordon Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia, que suspenderia a ajuda militar à Ucránia no caso de o país não investigar o seu rival Joe Biden.
"Eu garanto-lhe que isso nunca aconteceu", disse Trump à Fox. "Esse acordo é totalmente falso falso", acrescentou.
Trump voltou a classificar o processo como "um golpe contra a presidência americana" e disse que ele queria ser a "primeira testemunha". " Francamente, eu quero um julgamento".
Para já, segue-se uma semana de pausa, durante a qual os democratas tentarão perceber se conseguem levar a votação da destituição presidencial ao Senado.
No telefonema, Donald Trump criticou a antiga embaixadora em Kiev acusando-a de nunca o ter defendido e de ter feito comentários desagradáveis sobre ele. “Ela não pendurou uma foto minha na embaixada. Demorou cerca de um ano e meio, dois anos para pendurar a fotografia. Ela disse coisas más sobre mim e nunca me defendeu. Eu tinha o direito de mudar a embaixadora. Esta mulher não era um anjo, ok? ”
A ex-embaixadora na Ucrânia, Marie Yovanovitch, disse no Congresso que ficou “horrorizada, devastada e em choque” ao ler a transcrição do polémico telefonema de Trump ao seu homólogo ucraniano.
Durante a audição, a antiga embaixadora garantiu ter sido alvo de uma “campanha de difamação” montada por Trump com a ajuda de ucranianos, que levou ao seu afastamento repentino e “inexplicável” do cargo em maio de 2019. .“Foi um momento horrível. Fiquei pálida ao ler a transcrição, tive uma reação muito física”, explicou, no seu depoimento.
Nessa conversa, Trump ter-se-á referido a Marie Yovanovitch, como bad news” (más notícias) e garantido que iam “acontecer-lhe umas coisas” quando regressasse aos EUA.
A investigação está centrada num telefonema em julho em que Trump pede ao seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelenskyy, para que avance com uma investigação sobre o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter, ligados a a uma empresa de gás ucraniana. Nessa altura, o governo americano suspendera uma ajuda militar de 400 milhões de dólares à Ucrânia. O dinheiro acabou por seguir para Kiev.
Trump tem reafirmado que "não fez nada de errado", classificando a investigação de impeachment de "caça às bruxas".
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