O chefe do Governo de Macau eleito afirma que os acontecimentos em Hong Kong são um aviso para Macau e "um tufão" que, mais cedo ou mais tarde, vai passar, foi esta terça-feira noticiado. "Hong Kong deixou que as pessoas soubessem o que são desordeiros, o que são direitos, e como os direitos e as obrigações das pessoas devem estar equilibrados. Muitas pessoas em Hong Kong estão demasiado preocupadas com os seus direitos e ignoram as suas obrigações", afirmou Ho Iat Seng numa entrevista, na segunda-feira, ao canal de televisão chinês CCTV.
"Devemos trabalhar esta questão através da educação", acrescentou, durante a entrevista reproduzida pelos meios de comunicação social de Macau e de Hong Kong. O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Macau sublinhou apoiar firmemente o princípio "um país, dois sistemas", ao abrigo do qual foram criadas as duas região administrativas especiais chinesas de Macau e Hong Kong.
"O princípio 'um país, dois sistemas' pode funcionar muito bem e por muito tempo. Macau deve ser um modelo para a grande causa da reunificação do nosso país", disse. "Quando falamos de 'um país, dois sistemas' não nos podemos focar apenas em 'dois sistemas' e ignorar que 'um país' é a condição prévia", sublinhou.
A crise em Hong Kong, a pior desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997, também afetou o turismo em Macau, considerou. A ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, inaugurada em outubro do ano passado, era "muito popular nos primeiros meses", indicou. "Mas recentemente muitos turistas cancelaram as deslocações e dizem que só voltarão quando Hong Kong regressar ao normal", acrescentou Ho Iat Seng.
Na origem dos protestos em Hong Kong uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo Governo de Carrie Lam.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento local.
Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
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