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Hong Kong. Manifestante baleado com munições reais pela polícia está nos cuidados intensivos

Hong Kong. Manifestante baleado com munições reais pela polícia está nos cuidados intensivos
Anthony Kwan/Getty Images

Noutros protestos, que entraram no seu sexto mês consecutivo, a polícia já tinha disparado balas reais sobre um manifestante de 18 anos e outro de 14, tendo ambos sobrevivido. O disparo desta segunda-feira acontece na sequência da morte de um estudante de 22 anos, dias depois de ter caído num parque de estacionamento durante uma operação policial

Hong Kong. Manifestante baleado com munições reais pela polícia está nos cuidados intensivos

Hélder Gomes

Jornalista

Pelo menos um manifestante foi baleado esta segunda-feira pela polícia de Hong Kong com munições reais. Segundo o jornal “South China Morning Post”, o manifestante encontra-se nos cuidados intensivos após ter sido submetido a cirurgia.

As principais vias de comunicação de vários bairros da região administrativa especial chinesa foram bloqueadas, o serviço de metropolitano foi suspenso depois do lançamento de objetos nalguns troços da linha férrea, um incêndio foi ateado no interior de uma carruagem e manifestantes vandalizaram várias outras estações.

A manhã atribulada acontece na sequência da morte na sexta-feira de Chow Tsz-lok, um estudante da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, dias depois de ter caído num parque de estacionamento durante uma operação da polícia, que usou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.

Imagens de vídeo que circulam nas redes sociais mostram o momento do disparo desta segunda-feira, além de vários outros confrontos entre manifestantes e as forças policiais.

Manifestantes aconselhados a “parar de imediato com atos ilegais”

Em comunicado, a polícia confirmou que um manifestante tinha sido baleado na área residencial de San Wan Ho, acrescentando que manifestantes radicais ergueram barricadas em vários locais de Hong Kong. Ainda de acordo com a polícia, os manifestantes foram aconselhados a “parar de imediato com os seus atos ilegais”.

Em protestos anteriores, que entraram no seu sexto mês consecutivo, a polícia já tinha disparado balas reais sobre um manifestante de 18 anos e outro de 14, tendo ambos sobrevivido.

Os serviços nalgumas linhas de comboio e metro foram interrompidos esta manhã. Houve longos engarrafamentos nas ruas e avenidas de várias áreas. Agentes da polícia de choque foram mobilizados para junto de estações e centros comerciais. Muitas universidades cancelaram as aulas.

“É penoso ver a cidade transformada num estado policial”

Na sexta-feira, milhares de ativistas pró-democracia reuniram-se em várias partes de Hong Kong em homenagem ao estudante de 22 anos que morreu. “Hoje lamentamos a perda de um combatente da liberdade em Hong Kong”, escreveu no Twitter Joshua Wong, uma das figuras mais destacadas do movimento pró-democracia. Nas últimas horas, Wong referiu que “é penoso ver a cidade transformada num estado policial”.

Jeffrey Ngo, um outro ativista, fez acompanhar um vídeo do disparo desta segunda-feira pela legenda: “O uso excessivo de força contra manifestantes desarmados foi inquestionável.”

As quatro exigências ainda por cumprir

As manifestações, que se iniciaram em junho, devem-se à alegada intromissão do Governo central nas liberdades de Hong Kong, designadamente no sistema judiciário, desde que a antiga colónia britânica voltou ao domínio chinês em 1997. Pequim nega as acusações.

As ruas têm sido palco de vários protestos pró-democracia desde junho, com confrontos por vezes violentos com a polícia.

Os manifestantes continuam a lembrar as quatro exigências que ainda estão por cumprir. Depois da retirada do projeto de lei da extradição, que foi o grande catalisador das manifestações, o movimento de protesto exige uma investigação independente à atuação policial, uma amnistia dos presos na sequência das manifestações, o sufrágio universal e direto, e ainda que os protestos deixem de ser considerados motins.

Nem o Governo central de Pequim nem o Executivo de Hong Kong se mostram dispostos a atender a estas exigências.

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