Boris Johnson foi acusado de encobrir informação sobre alegadas interferências da Rússia na política britânica - incluindo sobre o partido conservador - depois de se ter tornado público que descobriu que Downing Street recusa divulgar antes das eleições um relatório sobre o assunto.
A decisão de não permitir a publicação do dossiê de 50 páginas elaborado pelo Comité de Inteligência e Segurança do Parlamento foi anunciada esta segunda-feira, o que gerou de imediato uma onda de desagrado.
Uma das reações partiu do próprio presidente do comité, Dominic Grieve, que defendeu não existir qualquer motivo para a recusa. O Partido Trabalhista e o Partido Nacional Escocês foram ainda mais longe, acusando o primeiro-ministro britânico de se recusar a reconhecer a escala da interferência russa.
O relatório é baseado na análise das agências de inteligência britânicas, além de outros especialistas, como o ex-oficial do MI6 Christopher Steele, explica o jornal “The Guardian”. A sua divulgação antes das eleições está sujeita a uma autorização final de Downing Street (que recebeu um rascunho final em 17 de outubro), pelo que esta teria de ser concedida antes da dissolução do Parlamento.
Novos dados surgiram quanto a tentativas do Kremlin de se infiltrar no seio dos conservadores, através de um diplomata russo sénior, Sergey Nalobin, suspeito de espionagem que passou cinco anos em Londres cultivando amizade entre os principais conservadores, incluindo o próprio Boris Johnson.
Para Dominic Grieve, “os protocolos são bem claros”. “Se o primeiro-ministro tem um bom motivo para impedir a publicação do relatório, ele deve explicar à comissão qual é e fazê-lo até 10 dias depois de o receber. Caso contrário, o documento deve ser publicado.”
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