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Curdos sírios dizem que um espião seu roubou um par de cuecas do líder do Daesh para testes de ADN

Curdos sírios dizem que um espião seu roubou um par de cuecas do líder do Daesh para testes de ADN
Al-Furqan Media/Anadolu Agency/Getty Images

Além disso, o agente infiltrado ajudou a conduzir os soldados dos EUA ao complexo onde Abu Bakr al-Baghdadi acabaria morto, revela o conselheiro das Forças Democráticas Sírias, que, segundo ele, desempenharam um papel fundamental na operação de sábado. A sua versão contraria a preponderância atribuída por Donald Trump às forças americanas

Curdos sírios dizem que um espião seu roubou um par de cuecas do líder do Daesh para testes de ADN

Hélder Gomes

Jornalista

Os curdos sírios alegam ter conseguido colocar um espião no círculo interno de Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Daesh, o autoproclamado Estado Islâmico. Esse espião roubou um par de cuecas para provar a identidade de al-Baghdadi e ajudou a conduzir os soldados dos EUA ao complexo onde o líder terrorista acabaria morto no sábado, revelou o conselheiro das Forças Democráticas Sírias (FDS) Polat Can.

Numa série de sete tweets, publicados esta segunda-feira, o responsável lembra que as FDS desempenharam um papel fundamental na localização de al-Baghdadi no complexo no norte da Síria, onde estaria a planear a fuga pela fronteira com a Turquia. Esta versão contraria a preponderância atribuída pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, às forças americanas.

Aquelas forças curdas da Síria lutaram contra o Daesh ao lado dos americanos mas acabaram abandonadas, no início do mês, quando Trump ordenou a retirada dos soldados americanos, abrindo caminho a uma ofensiva turca.

“A invasão turca causou um atraso na operação”

“Desde 15 de maio que trabalhamos com a CIA para localizar al-Baghdadi e monitorizá-lo de perto. Uma das nossas fontes conseguiu chegar à casa onde al-Baghdadi estava escondido. Al-Baghdadi mudava muitas vezes de local de residência e estava prestes a mudar-se para um novo local”, descreve Polat Can. “A nossa fonte, que conseguiu chegar a al-Baghdadi, trouxe roupa interior de al-Baghdadi para se realizar um teste de ADN e garantir a 100% que a pessoa em questão era o próprio al-Baghdadi”, prossegue.

De acordo com a versão das FDS, a retirada de tropas americanas do nordeste da Síria levou a um adiamento da operação militar contra o líder do Daesh. “A decisão de eliminar al-Baghdadi foi tomada há mais de um mês. No entanto, a retirada americana e a invasão turca levaram-nos a interromper as nossas operações especiais, incluindo a perseguição de al-Baghdadi. A invasão turca causou um atraso na operação”, esclarece o conselheiro das FDS.

“Todas as informações e o acesso a al-Baghdadi, bem como a identificação do local onde se encontrava, resultaram do nosso trabalho. A nossa fonte enviou coordenadas, direcionou o lançamento aéreo, participou e tornou a operação um sucesso até ao último minuto”, sublinha Polat Can.

O comandante supremo das FDS, Mazloum Kobani, também mencionou um espião em declarações à televisão americana NBC. Segundo ele, o agente infiltrado estava no complexo onde se escondia al-Baghdadi quando o ataque ocorreu. O espião trabalhara como conselheiro de segurança do líder do Daesh e a sua traição foi motivada por vingança, acrescentou Kobani.

Questionado sobre o papel dos curdos sírios na operação de sábado na província de Idlib, o chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA, Mark Milley, disse que não iria comentar “o que pode ou não ter acontecido com as FDS”. Contudo, o responsável sublinhou que a operação aérea e os soldados enviados para o complexo eram exclusivamente forças especiais americanas.

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