A operação militar dos EUA que resultou na morte de Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Daesh, o autoproclamado Estado Islâmico, recebeu o nome de Kayla Mueller, a trabalhadora humanitária que foi presa, torturada e abusada sexualmente pelo próprio al-Baghdadi. A informação foi avançada este domingo pelo conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Robert O’Brien.
Natural do estado norte-americano do Arizona, Mueller trabalhava como voluntária quando foi raptada em Alepo, na Síria, em agosto de 2013. Em fevereiro de 2015, soube-se que tinha morrido aos 26 anos sob a custódia do Daesh. A organização terrorista disse que Mueller morrera num ataque aéreo da Jordânia na cidade síria de Raqqa. O seu corpo nunca foi recuperado.
Em declarações ao jornal “The Arizona Republic”, o pai, Carl Mueller, descreveu o que “este homem fez a Kayla”: “Ele sequestrou-a. Ela esteve detida em muitas prisões. Ela esteve em solitária. Ela foi torturada. Ela foi intimidada. E acabou por ser violada pelo próprio al-Baghdadi.” “Ele ou a matou ou foi cúmplice do seu assassínio. Vou deixar as pessoas que leem este artigo decidir como um pai se deve estar a sentir”, acrescentou.
A mãe, Marsha Mueller, sublinhou que ainda quer saber “onde está Kayla e o que verdadeiramente lhe aconteceu e que não nos estão a dizer”. “Alguém sabe e eu rezo com todo o meu coração para que alguém neste mundo nos dê essas respostas”, apelou.
“Já vi as trevas e a luz. E aprendi que mesmo na prisão se pode ser livre”
No programa “Meet the Press” da NBC, o conselheiro de segurança nacional afirmou: “Fizemos finalmente justiça com um homem que decapitou três americanos – dois jornalistas e um trabalhador humanitário.” Robert O’Brien referia-se a James Foley e Steven Sotloff, ambos jornalistas freelancer, e Peter Kassig, um trabalhor humanitário, todos mortos em 2014. Mueller era “uma grande jovem americana, idealista”, disse.
Quando a sua morte foi confirmada, a família de Mueller tornou pública uma carta que ela enviara do cativeiro. “Já vi as trevas e a luz. E aprendi que mesmo na prisão se pode ser livre. Estou grata. Cheguei à conclusão de que há coisas boas em todas as situações, às vezes só é preciso procurar”, escreveu.
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