Hong Kong liberta suspeito de homicídio cujo caso acendeu o rastilho dos protestos
Chan Tong-kai
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Chan Tong-kai, acusado de matar a namorada grávida em Taiwan, cumpriu 19 meses de prisão por lavagem e levantamento de dinheiro do cartão de crédito da companheira. Hong Kong e Taiwan não têm acordo de extradição e, ao propor uma alteração à lei, o Executivo de Hong Kong citou este caso. Entretanto, a China estará a preparar sucessão em Hong Kong
Hong Kong e Taiwan não têm um acordo de extradição e, ao propor uma alteração à lei, o Executivo de Hong Kong citou este caso.
Após 19 meses na prisão por lavagem de dinheiro e por levantamento de dinheiro do cartão de crédito da namorada, Chan, de 20 anos, pediu desculpas à família da vítima e afirmou-se disposto a entregar-se em Taiwan.
No entanto, ainda não é claro como acontecerá a transferência para que o jovem responda em Taiwan pela acusação de homicídio. Por um lado, Hong Kong diz que Chan está livre para se entregar. Por outro, Taiwan cita razões de segurança e quer enviar agentes para o escoltarem, uma proposta que Hong Kong já rejeitou.
Cinco meses de protestos, quatro exigências por cumprir
Centenas de milhares de pessoas ocupam as ruas desde meados de junho em protesto contra um projeto de lei, entretanto abandonado, que permitiria que suspeitos fossem extraditados para locais com que Hong Kong não tem acordos de extradição, incluindo a China continental, Taiwan e Macau. Os críticos temiam que a extradição para a China continental sujeitasse as pessoas a detenções arbitrárias e a julgamos injustos.
No quinto mês de protestos, os manifestantes continuam a lembrar as quatro exigências que ainda estão por cumprir. Depois da retirada do projeto de lei da extradição, o movimento de protesto exige uma investigação independente à atuação policial, uma amnistia dos presos na sequência das manifestações, o sufrágio universal e direto e ainda que os protestos deixem de ser considerados motins. Mas nem o Governo central de Pequim nem o Executivo de Hong Kong se mostram dispostos a atender a estas exigências.
Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong
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Pequim planeia substituir Carrie Lam
Entretanto, o jornal “Financial Times” noticiou esta terça-feira que a China planeia substituir a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, por um líder “interino”. Entre os possíveis sucessores estão Norman Chan, ex-diretor da Autoridade Monetária de Hong Kong, e Henry Tang, antigo ministro das Finanças e chefe de administração do território, acrescenta o diário, citando fontes próximas do processo.
Se o Presidente chinês, Xi Jinping, decidir avançar com a proposta, o sucessor será nomeado até março e assegurará o que resta do mandato de Lam. No entanto, Pequim não quer dar mostras de ceder à violência e, por isso, pretende que a situação na região administrativa especial estabilize antes de ser tomada uma decisão final sobre mudanças de liderança.
A agência Reuters noticiou em setembro a existência de uma gravação da chefe do Executivo, em que esta dizia que renunciaria se pudesse. Em reação à notícia, Lam garantiu que nunca pedira ao Governo central que a deixasse abandonar o cargo na sequência da crise política em Hong Kong.