O Presidente dos EUA, Donald Trump, exigiu esta segunda-feira que a Turquia pusesse fim à incursão militar na Síria e impôs novas sanções ao aliado da NATO. Criticado por democratas e republicanos por abrir caminho ao avanço das tropas turcas, Trump parece ter entrado em modo de contenção de danos.
“Os Estados Unidos simplesmente já não vão tolerar mais a invasão da Turquia na Síria. Apelamos à Turquia para que se retire, acabe com a violência e se sente à mesa das negociações”, disse o vice-Presidente americano, Mike Pence.
Durante uma chamada telefónica, Trump instou o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, a concordar com um cessar-fogo imediato, revelou Pence, que anunciou que viajaria em breve para a região para tentar mediar a crise.
A luz verde de Trump a Erdogan
A meio da semana passada, as autoridades de Ancara lançaram uma operação transfronteiriça no nordeste da Síria, poucos dias depois de Erdogan ter informado Trump, através de um telefonema, que tencionava avançar com uma ação há muito planeada contra os curdos, aliados dos EUA na região.
Trump anunciou então uma desmobilização abrupta de 50 soldados americanos da zona de conflito, rejeitando críticas de que esta operação deixaria os curdos diretamente expostos ao ataque. A decisão do Presidente norte-americano foi amplamente considerada uma luz verde a Erdogan para a sua ofensiva. Os militantes curdos, considerados terroristas pelo regime turco, foram fundamentais na luta dos EUA contra o Daesh, o autoproclamado Estado Islâmico, na Síria.
“Infelizmente, a Turquia não parece estar a mitigar os efeitos humanitários da sua invasão”
Com os congressistas americanos preparados para impor sanções, Trump emitiu uma ordem executiva autorizando sanções contra atuais e antigos funcionários do Governo de Ancara por contribuírem para a operação militar no nordeste da Síria. Em comunicado, o Presidente anunciou o aumento das tarifas sobre as importações de aço turco novamente para os 50%, seis meses depois da sua redução, e a suspensão imediata das negociações para um acordo comercial de 100 mil milhões de dólares com a Turquia. “Infelizmente, a Turquia não parece estar a mitigar os efeitos humanitários da sua invasão”, justificou Trump.
O Presidente dos EUA acrescentou que a ofensiva turca está a precipitar uma crise humanitária e a “criar condições para possíveis crimes de guerra” mas deixou claro que não planeava reverter a sua decisão de retirada. “Como disse, estamos a retirar os membros do serviço dos Estados Unidos que permanecem no nordeste da Síria”, reiterou. As tropas americanas que saem da Síria ficarão na região para monitorizar o Daesh e um pequeno contingente permanecerá na base militar americana de Al-Tanf, no sul da Síria, precisou.
Trump esclareceu ainda que a sua ordem executiva permitirá a Washington impor sanções a funcionários turcos que possam estar envolvidos em violações de direitos humanos, além de autorizar sanções como o bloqueio de propriedade e a restrição de entrada nos EUA.
O Secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, acrescentou que Washington impôs sanções aos ministérios turcos da Defesa, do Interior e da Energia, bem como aos seus departamentos respetivos.
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