Todos os 11 patrocinadores oficiais da NBA na China suspenderam os laços com a principal liga de basquetebol profissional da América do Norte na sequência de um tweet sobre Hong Kong, noticiou esta quarta-feira a CNN.
A polémica começou no fim de semana quando o diretor-geral dos Houston Rockets, Daryl Morey, manifestou no Twitter o seu apoio às manifestações pró-democracia dos últimos meses naquela região administrativa especial chinesa. O tweet, entretanto apagado, incluía uma imagem onde se lia “Lutem pela liberdade, apoiem Hong Kong.”
Na segunda-feira, Morey voltou ao Twitter para esclarecer que não tencionava “ofender” os fãs dos Rockets e os seus amigos na China.
“Estava apenas a expressar um pensamento, baseado numa interpretação, sobre um evento complicado. Tive muitas oportunidades desde esse tweet de ouvir e considerar outras perspetivas. Sempre valorizei o apoio significativo que os nossos fãs e patrocinadores chineses deram e espero que aqueles que ficaram aborrecidos saibam que não era minha intenção ofendê-los ou interpretá-los mal. Os tweets são meus e não representam de forma alguma os Rockets ou a NBA”, escreveu.
“Não é papel da NBA julgar diferenças”
No mesmo dia, o comissário da NBA, Adam Silver, manifestou o seu apoio a Morey no “exercício da sua liberdade de expressão”. Na terça-feira, em comunicado, Silver acrescentou que a liga não poderia regular o que dizem “jogadores, funcionários e proprietários de equipas”. “É inevitável que as pessoas de todo o mundo, incluindo na América e na China, tenham diferentes pontos de vista sobre assuntos diferentes. Não é papel da NBA julgar essas diferenças”, acrescentou.
A resposta provocou indignação em Pequim. Vários patrocinadores chineses sublinharam que a soberania da China sobre Hong Kong não é negociável e manifestaram a sua discordância com a forma como a NBA geriu a situação. Muitos utilizadores chineses de redes sociais apelaram ao boicote dos eventos da liga americana.
Mercado chinês representa 10% das receitas
A Federação de Desportos de Xangai cancelou um evento da NBA na quarta-feira, algumas horas antes de os jogadores se encontrarem com os fãs. Várias celebridades chinesas anunciaram que já não iriam assistir à partida entre os Los Angeles Lakers e os Brooklyn Nets esta quinta-feira em Xangai.
A suspensão de laços tem implicações importantes num mercado que representa pelo menos 10% das receitas atuais da NBA. Segundo a CNN, o mercado chinês poderá representar 20% até 2030.
Nas últimas horas, a Apple retirou uma aplicação com um mapa dos protestos em Hong Kong da sua loja online. A empresa justificou a decisão, dizendo que a aplicação, que fora aprovada, poderia ser usada de forma a “pôr em risco o cumprimento da lei” e os residentes.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hgomes@expresso.impresa.pt