A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, invocou esta sexta-feira uma legislação da era colonial para proibir o uso de máscaras nas manifestações. Com esta medida, o Governo da região administrativa especial chinesa espera conter os protestos que duram há quase quatro meses e que se têm tornado mais violentos.
A medida dará mais poderes à polícia para prender manifestantes numa altura em que as forças de segurança são acusadas de agir com impunidade.
“Os protestos estão por todo o território de Hong Kong”, disse Lam numa conferência de imprensa, ladeada por vários ministros, incluindo os titulares das pastas da Segurança e Justiça. “A violência está a destruir Hong Kong. Dada a situação atual, esta é uma decisão necessária”, justificou.
Apesar da aplicação de uma lei de emergência, Lam garante que Hong Kong em si “não está em estado de emergência”.
A proibição de usar máscaras durante os protestos entra em vigor à meia-noite desta sexta-feira.
Jovem atingido pela polícia enfrenta acusação criminal
A diretora para a China da Human Rights Watch, Sophie Richardson, criticou a medida. “As autoridades de Hong Kong deviam trabalhar para criar um ambiente político no qual os manifestantes não sintam a necessidade de usar máscaras – e não proibir as máscaras e agravar as restrições à liberdade de expressão”, disse, citada pelo jornal “The Washington Post”.
Ainda segundo aquele diário, a medida foi adotada por um grupo mais fiel a Pequim no interior do Governo de Lam, que a acusa de ser muito branda com os distúrbios que assolam Hong Kong.
Na terça-feira, o dia em que se assinalaram os 70 anos da fundação da República Popular da China, um agente da polícia disparou uma bala real contra Tsang Chi-kin, um manifestante de 18 anos. Após uma cirurgia, o jovem encontra-se num estado considerado estável. No entanto, as forças de segurança já fizeram saber que será indiciado por duas acusações de agressão a agentes da autoridade.
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