O Presidente dos EUA, Donald Trump, atacou esta quarta-feira os congressistas democratas depois de estes ameaçarem fazer intimações à Casa Branca. Comissões da Câmara dos Representantes têm solicitado documentos relativos às relações da Administração com a Ucrânia, que estão no centro do processo de ‘impeachment’.
O Partido Democrata, que detém a maioria na câmara baixa do Congresso, deu início à investigação para apurar se Trump pressionou o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para obter ganhos pessoais. Como parte do processo, os democratas têm emitido intimações relacionadas com uma conversa telefónica entre os dois líderes. O telefonema desencadeou uma queixa formal de um denunciante que, por sua vez, conduziu à abertura do processo de destituição presidencial.
Uma transcrição da conversa, publicada na semana passada, indica que Trump instou Zelensky a investigar alegações contra o ex-vice-Presidente Joe Biden, candidato à nomeação democrata para as eleições do próximo ano, e o seu filho Hunter Biden.
Trump acusa os líderes democratas de desonestidade e traição.
“Arranjem um candidato melhor desta vez, vão precisar!”
Durante uma conferência de imprensa com o Presidente finlandês, Sauli Niinistö, Trump referiu-se a Biden e ao seu filho como “totalmente corruptos”. Mas o presidente da comissão de Informação, Adam Schiff, foi o alvo preferencial de Trump, que se referiu a ele como “Shifty Schiff” (Schiff Desonesto), “canalha” e alguém que devia “renunciar ao cargo em desgraça”. “Francamente, deviam investigá-lo por traição”, afirmou, dizendo acreditar que Schiff “ajudou a escrever” a queixa do denunciante.
O Presidente norte-americano tentou desacreditar a queixa apresentada contra ele, esclarecendo que apenas os denunciantes “legítimos” deviam ser protegidos. “Este país tem de descobrir quem era esta pessoa porque, na minha opinião, era um espião”, insistiu. Referindo-se ao processo de ‘impeachment’ como uma “farsa” e um “crime fraudulento contra o povo americano”, Trump sublinhou, contudo, que iria “sempre cooperar” com o Congresso.
Antes disso, Trump recorrera ao Twitter para atacar Schiff e a presidente da Câmara dos Representantes e líder dos democratas, Nancy Pelosi. “Os democratas que nada fazem deviam concentrar-se no desenvolvimento do nosso país e não desperdiçar o tempo e a energia de todos em tretas, que é o que têm feito desde que fui eleito de forma esmagadora em 2016. Arranjem um candidato melhor desta vez, vão precisar!”, escreveu.
Trump sugeriu ainda a Pelosi que se concentrasse na sua cidade, São Francisco, que descreveu como uma “cidade de barracas” de sem-abrigo.
“Não estamos aqui a brincar”
Os democratas acusam a Casa Branca de bloquear as investigações do Congresso e de se recusar a responder aos seus pedidos, o que motivou a ameaça de intimação. O presidente da comissão de Supervisão, Elijah Cummings, justificou a medida, dizendo: “Não a tomo de ânimo leve. Nas últimas semanas, as comissões tentaram várias vezes obter conformidade voluntária com os nossos pedidos de documentos, mas a Casa Branca tem-se recusado a colaborar com – ou mesmo a responder – às comissões.”
Em conferência de imprensa conjunta, Pelosi e Schiff defenderam esta quarta-feira os procedimentos de ‘impeachment’. “Não estamos aqui a brincar”, enfatizou Schiff, acrescentando que os democratas não querem que o processo “se arraste”. O democrata também criticou os comentários de Trump contra o denunciante como “um flagrante esforço para intimidar testemunhas” e “um incitamento à violência”.
Paralelamente, Schiff emitiu uma declaração esclarecendo que a sua comissão não reviu nem recebeu antecipadamente a queixa do denunciante, como Trump alegou.
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