O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva diz que não vai aceitar passar de uma situação de encarceramento completo para um regime “semi-aberto”, no qual teria de usar uma pulseira electrónica. Lula disse aos seus advogados, segundo se lê em vários jornais brasileiros, que não vai aceitar as condições impostas à sua liberdade expressas na petição assinada pelos procuradores da Operação Lava Jato, onde estes argumentam que Lula pode sair da prisão por mostrar bom comportamento e já ter cumprido um sexto da pena.
Segundo o seu advogado, Cristiano Zanin Martins, Lula quer que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise os pedidos de suspeição do ex-juiz federal Sérgio Moro e dos integrantes da sua equipa, “para que haja justiça independente e imparcial”. Zanin disse também seguirá a orientação dada por Lula. “Ele não aceita qualquer condição imposta pelo Estado, porque não reconhece a legitimidade do processo que o condenou e que o trouxe ao cárcere, onde ele está neste momento”, disse o advogado citado pela revista Veja.
Uma posição do ex-Presidente que é reforçada por Dilma Rousseff, também ela antiga Presidente do Brasil, e muito próxima de Lula. A partir de Espanha, onde participava num evento do Partido Comunista, Dilma criticou as eventuais restrições ao livre movimento de Lula: “Querem que Lula saia com a tornozeleira eletrónica e um inocente não aceita isso. Lula é inocente”.
Na mesma intervenção, segundo conta o “El País”, Dilma acusou o governo de Bolsonaro de “estar a fazer avançar o neofascismo”. “Ele defende a tortura e o assassinato político, por isso deixa impune a morte da vereadora Marielle Franco, porque sabe perfeitamente que foram os paramilitares que lhe são próximos que a mataram. Defende o uso da polícia como arma para matar os cidadãos e deixa também impune aqueles que matam crianças de oito anos”.
Lula foi condenado pelo então juiz federal Sergio Moro a 9 anos e 6 meses no caso do triplex do Guarujá, um apartamento que alegadamente terá recebido como suborno. Posteriormente, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) aumentou a pena para 12 anos e 1 mês de prisão. No entanto, em abril deste ano, os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reduziram-na para 8 anos e 10 meses.
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