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“Não há força que possa abalar as fundações desta grande nação”, diz Xi no 70.º aniversário da República Popular da China

“Não há força que possa abalar as fundações desta grande nação”, diz Xi no 70.º aniversário da República Popular da China
GREG BAKER/AFP/Getty Images

Na Praça Tiananmen, onde Mao Tsé-Tung proclamou a república popular em 1949, Xi afirmou: “Atualmente, uma China socialista está de pé perante o mundo.” “Vamos manter a estabilidade de longo prazo de Hong Kong e Macau e continuar a lutar pela unificação completa do país”, prometeu num dia marcado por novos protestos na ex-colónia britânica

“Não há força que possa abalar as fundações desta grande nação”, diz Xi no 70.º aniversário da República Popular da China

Hélder Gomes

Jornalista

O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou esta terça-feira que “não há força que possa abalar as fundações desta grande nação” no discurso para assinalar o 70.º aniversário da República Popular da China.

Na Praça Tiananmen em Pequim, onde Mao Tsé-Tung proclamou a república popular a 1 de outubro de 1949, Xi acrescentou: “Atualmente, uma China socialista está de pé perante o mundo. Nenhuma força pode impedir o povo chinês e a nação chinesa de seguirem em frente.”

Multidões aplaudiram e agitaram bandeiras chinesas durante um discurso carregado de traços nacionalistas. O Presidente fez referência à velha narrativa do Partido Comunista de resgatar o país do “século de humilhação” que sofreu durante a dinastia Qing, com a invasão de potências coloniais como o Reino Unido e o Japão.

Kevin Frayer/Getty Images

Hong Kong a ensombrar as comemorações

Xi falou de Hong Kong, a região administrativa especial onde decorrem protestos antigovernamentais há mais de três meses, sublinhando que a China deve continuar “comprometida com a estratégia de reforço pacífico de ‘um país, dois sistemas’”, o enquadramento que governa aquele território semiautónomo. “Vamos manter a estabilidade de longo prazo de Hong Kong e Macau, o desenvolvimento de relações e continuar a lutar pela unificação completa do país”, prometeu.

Em 1997, a antiga colónia britânica foi transferida para a China e, tal como com o ex-território português de Macau dois anos mais tarde, foi acordado um período de meio século onde as regiões administrativas gozariam de um elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário. Segundo o modelo ‘um país, dois sistemas’, o Governo central chinês ficaria responsável pelas relações externas e pela defesa.

No entanto, um projeto de lei, que permitiria que suspeitos de alguns crimes fossem extraditados para serem julgados nos tribunais da China continental, tem levado milhares de pessoas às ruas de Hong Kong em protestos sem precedentes. O projeto de lei já foi retirado formalmente pela chefe do Executivo, Carrie Lam, mas os manifestantes exigem que o Governo responda a outras reivindicações, incluindo a demissão de Lam e a consequente eleição por sufrágio universal para o seu cargo e para o Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong.

Lam, que tenta a todo o custo evitar cenas que possam embaraçar o Governo central, decidiu assinalar o aniversário desta terça-feira em Pequim. No entanto, são esperados vários protestos, não autorizados, para coincidir com a data e após mais um fim de semana de violentos confrontos entre manifestantes e polícia no quinto aniversário do Movimento dos Guarda-Chuvas.

Exibição de poderio militar e tecnológico

Depois de fazer a revista das tropas ao longo da Avenida Chang’an, Xi presidiu a uma gigantesca parada militar que serviu para mostrar algum do armamento mais avançado do mundo. Num desfile de 80 minutos pela capital chinesa, passaram cerca de 15 mil funcionários, mais de 160 aeronaves e 580 peças de armamento e equipamento.

Wang He/Getty Images

A tecnologia de drones e os sistemas avançados de mísseis foram duas das estrelas do desfile. Numa exibição aérea, helicópteros transportaram bandeiras nacionais, desenhando o número 70 para assinalar o aniversário nos céus de Pequim.

Uma marcha de cidadãos também faz parte da agenda comemorativa, com 100 mil pessoas, 70 carros alegóricos e 36 formações organizadas sob os temas da fundação da nação, da reforma e abertura e do grande rejuvenescimento.

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