O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente Jair Bolsonaro e provável embaixador do Brasil em Washington, disse esta quinta-feira que o país não se deve “prostituir” para receber doações para a Amazónia.
“A gente vai ficar aceitando fundo e continuar se prostituindo em nome disso? Aqui é o Brasil, aqui quem manda somos nós. Se quiserem continuar depositando, que continuem. Se não quiserem, um abraço. A gente não vai ficar chorando e fazendo tudo o possível atrás desse dinheiro”, afirmou, citado pela Globo.
“Aquela esmola oferecida pelo Macron”
Os incêndios na maior floresta tropical do mundo já superaram a média histórica para o mês de agosto. Na mais recente cimeira do G7, o Presidente francês (e anfitrião do encontro), Emmanuel Macron, anunciou uma ajuda de cerca de 18 milhões de euros das sete maiores economias do mundo. O seu homólogo brasileiro fez depender a aceitação da ajuda da retirada por parte de Macron do que apelidou de “insultos”.
Esta quinta-feira, Jair Bolsonaro referiu-se à ajuda proposta pelo G7 como “aquela esmola oferecida pelo Macron”. “Tivemos um encontro na terça-feira com os governadores da região amazónica. E ali, só um falou em dinheiro. O Brasil vale muito mais que 20 milhões de dólares [o equivalente a 18 milhões de euros]. Eu havia dito, há poucas semanas, que alguns países europeus estavam comprando o Brasil à prestação. Já gastaram mais de um bilhão de dólares. Aí eu te pergunto: o que fizeram com esse dinheiro? Me aponte um hectare replantado, uma ação positiva. Nada”, disse.
“Amazónia, essa mulher tão bonita”
Os últimos dias foram marcados por uma azeda troca de palavras entre os chefes de Estado francês e brasileiro, tendo Macron acusado Bolsonaro de mentir sobre os compromissos ambientais assumidos pelo Brasil. As divergências chegaram a atingir a primeira-dama francesa e a comprometer o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Enquanto Bolsonaro exigia respeito pela soberania do seu país, Macron defendia que o Brasil merece um Presidente “à altura do cargo”.
Ao comentar esta quinta-feira a ajuda anunciada pelo G7, Eduardo Bolsonaro disse: “A Amazónia, essa mulher tão bonita, o outro cara vai lá, pisca para ela, quer pagar um drink para ela. Não posso achar que esse drink está sendo pago de graça, né? Não tem como a gente aceitar o dinheiro de uma pessoa que fere a sua soberania.”
“Trump é igual a Bolsonaro. É simples, é aberto”
Eduardo, indicado pelo pai para o cargo de embaixador do Brasil em Washington, viaja esta sexta-feira com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para os EUA para se encontrar com o Presidente norte-americano, Donald Trump. A nomeação ainda não foi oficializada e, após confirmação, será submetida à avaliação do Senado.
“A gente vai debater vários assuntos. O Presidente Trump é muito aberto. Ele é igual ao Presidente Jair Bolsonaro. É simples, é aberto”, acrescentou Eduardo Bolsonaro, referindo-se à viagem aos Estados Unidos.
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